quarta-feira, 8 de junho de 2016

AINDA A INFLAÇÃO

Carta de Formulação e Mobilização Política - Quarta-feira, 8 de junho de 2016
A persistente alta dos preços compõe o coquetel tóxico que asfixia o dia a dia dos brasileiros e inclui o desemprego recorde e a queda da renda dos trabalhadores

Nem a mais severa recessão está conseguindo domar a inflação brasileira. A carestia continua doendo fundo no bolso da população, fruto das políticas econômicas equivocadas que vigoraram nos últimos anos e da leniência com que o governo petista sempre tratou a escalada de preços no país.
Nesta manhã, o IBGE mostrou que a inflação mantém-se alta. O IPCA de maio atingiu 0,78%, mais elevada taxa para o mês desde 2008. O índice subiu em relação ao 0,61% do mês anterior e também levou o acumulado em 12 meses a aumentar um pouco mais, para 9,32%.
Mais uma vez, a inflação sofreu impacto das tarifas públicas, em especial o aumento praticado pelas concessionárias de água e esgoto. Também a energia continuou a encarecer. São partes das heranças malditas dos anos de manipulação petista.
Em locais como Fortaleza e Porto Alegre a inflação anual mantém-se na casa de dois dígitos. Além disso, a população de menor renda sofre mais com aumentos maiores de preços: o INPC, que acompanha gastos de famílias que ganham até cinco salários mínimos, subiu quase 1% em maio, também de acordo com o IBGE.
Para complicar um pouco mais, há previsão de que outro item essencial da cesta de consumo, os alimentos, mantenha-se em alta nos próximos meses, em razão do aumento das cotações de commodities como soja e milho, com impacto também em carnes e ovos. Até maio, a alta da alimentação no domicílio já chega a 8% no ano e a quase 15% no acumulado em 12 meses.
A inflação alta compõe o coquetel tóxico que asfixia o dia a dia dos brasileiros e inclui o desemprego recorde e a queda da renda (de 3,3% em 12 meses até abril, segundo a mais recente Pnad Contínua). Com o dinheiro cada vez mais curto, sobra à população avançar sobre o cofrinho das poupanças: em maio, os saques superaram os depósitos em R$ 6,6 bilhões, o pior resultado para o mês medido pelo Banco Central desde 1995.
Toda esta situação impõe desafios adicionais significativos à nova direção do BC, cujo novo presidente foi aprovado ontem pelo Senado. Ilan Goldfajn terá a missão de fazer o que o PT há muito tempo deixou de considerar importante: trazer a inflação para dentro dos limites impostos pelo regime de metas, ou seja, 4,5% ao ano com tolerância de dois pontos percentuais de variação para mais ou para menos. Desde 2009, isso não acontece.
Enquanto a inflação persistir, o Brasil terá de continuar convivendo com outra de suas jabuticabas anômalas: as estratosféricas taxas de juros, que o Copom deve manter intocadas em reunião que acontece hoje, justamente em razão da ainda indômita alta dos preços. Como se vê, sem nenhuma dificuldade, os desequilíbrios legados pela irresponsabilidade petista ainda nos custam e nos custarão muito caro.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
 

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