Com informações da Agência Fapesp - 23/06/2016
Pesquisadores brasileiros lideraram a primeira observação de explosões solares em 3 e 7 terahertz.[Imagem: CRAAM]
Explosões em terahertz
Pesquisadores do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), em colaboração com colegas do Brasil e do exterior, conseguiram fazer a primeira observação de explosões solares nas frequências de 3 e 7 terahertz (THz).
"Conseguimos provar que é possível detectar explosões solares nessas faixas de frequências de terahertz. Isso abre novas perspectivas observacionais", disse Pierre Kaufmann, coordenador do projeto.
A observação foi feita com oSolar-T, um telescópio brasileiro lançado pela NASA em janeiro deste ano.
Projetado e construído no Brasil por pesquisadores do CRAAM e da Unicamp, o Solar-T é um telescópio fotométrico duplo capaz de captar as explosões solares nessas duas frequências inéditas, nunca antes medidas.
O Solar-T subiu acoplado a um balão estratosférico. Durante os 12 dias de duração de um voo de circunavegação a 40 mil metros de altitude na Antártica, o Solar-T coletou ininterruptamente a energia que emana das explosões solares nas frequências de 3 e 7 THz, correspondentes a uma faixa da radiação infravermelha distante.
Explosões solares
As frequências de terahertz não podem ser medidas a partir do nível do solo porque elas são bloqueadas pela atmosfera, explicou Kaufmann: "É necessário ir ao espaço para medi-las e, para isso, uma nova tecnologia de detecção em THz teve que ser desenvolvida."
As observações nessa faixa de radiação situada no espectro eletromagnético entre a luz visível e as ondas de rádio permitem fazer diagnósticos inéditos sobre a ocorrência de explosões associadas aos campos magnéticos das regiões ativas do Sol, que muitas vezes lançam em direção à Terra jatos de partículas de carga negativa (elétrons) aceleradas a grandes velocidades.
A radiação das explosões nessa faixa do infravermelho distante também torna possível uma nova abordagem para investigar fenômenos que produzem energia em regiões ativas que ficam entre a superfície do Sol, a fotosfera, onde a temperatura não passa dos 5,7 mil graus, e as camadas superiores e mais quentes: a cromosfera, onde as temperaturas alcançam 20 mil graus, e a coroa, que está a mais de 1 milhão de graus.
O telescópio brasileiro Solar-T foi lançado por um balão da NASA. [Imagem: Nasa]
Evento multifrequência
O Solar-T captou no dia 28 de janeiro, exatamente às 12:12:10 (GMT), um evento solar impulsivo, que cresce rapidamente no decorrer do tempo, nas duas frequências de terahertz.
Os dados foram então cruzados com as observações feitas por outros telescópios, que mostraram a explosão na faixa dos gigahertz, em ultravioleta e na faixa da luz visível.
"É possível ver pela observação em ultravioleta extremo que, antes do início da explosão solar, é formada uma grande estrutura, com um arco magnético com uma ponta brilhante que cai em direção à mancha solar", descreveu Kaufmann. "O momento em que a ponta brilhante do arco magnético se choca com a superfície da mancha solar coincide exatamente com a explosão solar impulsiva detectada nas frequências de 3 e 7 terahertz, subterahertz [0,2 e 0,4 THz] e no visível.".
Segundo o pesquisador, a detecção das explosões solares nas novas frequência deverá ter implicações na interpretação dos mecanismos do fenômeno, tais como se são os mesmos conhecidos para explosões solares que ocorrem em outras frequências mais baixas.
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