Lemos no Estadão:
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta sexta-feira (22) os habeas corpus impetrados pelas defesas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que buscavam reverter a prisão preventiva decretada no processo em que os executivos são acusados de lucrar indevidamente no mercado de ações e usar informações privilegiadas antes de vir à tona o acordo de colaboração premiada que firmaram com o Ministério Público Federal (MPF).
Mendes é a voz mais contundente dentro do STF contra a delação premiada do grupo J&F, que fundamentou duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. O ministro discordou do argumento dos irmãos de que a decretação da prisão preventiva é desproporcional.
“Destaco que o decreto de prisão preventiva fundamentou o risco à ordem pública na gravidade concreta do crime que, na avaliação do magistrado, ‘afetou gravemente a economia nacional’, e na reiteração de práticas delitivas em circunstância particularmente desfavorável, na medida em que ‘mesmo após a negociação e assinatura dos termos de colaboração premiada, teriam tornado a praticar delitos’”, argumentou Gilmar Mendes em sua decisão.
“A gravidade concreta do crime, representada pelas circunstâncias especialmente gravosas da infração penal, é um indicativo válido da periculosidade do agente e de seu potencial para reiterar ilícitos”, concluiu o ministro, ao rejeitar os habeas corpus dos irmãos Batista.
Há uma grande ironia nisso tudo.
É claro que Gilmar Mendes - como todo ministro do STF - possui decisões questionáveis. As indicações ao STF sempre foram políticas, principalmente aquelas feitas pela extrema esquerda
Mas se todos os ministros do STF devem ser vistos com desconfiança, por que durante os últimos meses parecia que apenas Gilmar Mendes era "o vilão da história".
No fundo, Gilmar foi atacado pela mídia de forma desproporcional durante 4 a 5 meses por questões políticas. A tropa de Janot - que estava em vantagem entre metade de maio e início de setembro - conseguiu criar um clima anti-Gilmar.
Seja lá como for, Gilmar hoje teve o poder de decisão e poderia muito bem livrar a cara dos irmãos Joesley e Wesley, o que traria um alívio ao PGR Rodrigo Janot, que agora vive com medo de uma delação premiada dos irmãos.
Ora, mas já que Gilmar era "o vilão do Brasil", tinha a pressão: "Gilmar, mostre que você não é o vilão do Brasil: mantenha Joesley e Wesley presos".
E assim aconteceu. Hoje foi feita justiça a partir de alguém que estava sob pressão por resultados, que havia sido causada principalmente por alguém que queria ver Joesley e Wesley soltos.
A política é ou não é poética?
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