(...) Não por acaso, os dois se defendem mal. Crivella admite tibiamente que era intolerante, mas evoluiu.
Freixo também murcha as orelhas, tartamudeia que não tem a ver com os black blocs - que, ao serem presos nas manifestações, corriam para o seu colo -, e evoca sua luta contra as milícias, que o obrigaram a exilar-se na Espanha por 15 dias. Lamento, mas não me convencem. Eles teriam de tomar atitudes mais radicais para eu acreditar neles.
Crivella, por exemplo. Já que é hoje tão liberal, gostaria de vê-lo num beijaço gay em Copacabana, beijando e oferecendo a outra face.
Ou saindo à rua abraçado à imagem de Nossa Senhora Aparecida, aquela que, há anos, um colega seu chutou, numa cena famosa. Ou depositando um "despacho" de galinha, farofa e cachaça numa encruzilhada da zona oeste.
Quanto a Freixo, seria instrutivo vê-lo retirar, uma a uma, as máscaras dos arruaceiros que destroem patrimônio público e privado em manifestações e aconselhá-los paternalmente a não fazer mais isto, nem assassinar cinegrafistas indefesos. Poderia também demonstrar alguma simpatia pelos policiais mortos no Rio - 91 este ano, até agora.
Nos últimos 30 anos, o Rio sobreviveu a Brizola, Moreira Franco, os Garotinho, Benedita da Silva e outras catástrofes. É indestrutível.
Folha de SP - 24/10/2016
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