FHC diz que discurso do governo é de que a imprensa 'atrapalha'
Na 68ª Assembleia Geral da SIP, ex-presidente compara discurso governista com o do presidente do Equador, Rafael Correa
15 de outubro de 2012 | 17h 48
Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira, 15, sem entrar em detalhes, que o discurso do governo hoje com relação à atuação da imprensa não difere muito do que fala e pensa o presidente do Equador, Rafael Correa, que declarou recentemente que "na América Latina a única ditadura que existe é a dos meios de comunicação". "Trata-se de uma pessoa que não respeita a liberdade de imprensa e de expressão", avaliou o ex-presidente brasileiro sobre Correa.
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Ernesto Rodrigues/AE
FHC fala na 68º Assembleia Geral da SIP, em SP
"Não quero entrar em detalhes, mas não é diferente do que se faz no Brasil. Dizem com menos violência, mas dizem que quem atrapalha o governo é a imprensa", disse FHC ao participar nesta segunda-feira da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que acontece em São Paulo.
FHC defendeu também que o argumento de que os meios de comunicação são milionários, como diz o presidente do Equador, não é válido para justificar ataques à liberdade de imprensa. "Não há como se ter um processo custoso como a imprensa sem que alguém pague. Porque a imprensa oficial também tem custos e alguém paga", diz o ex-presidente. "No caso, o que importa é se a informação tem ou não credibilidade. As empresas não buscam o lucro para ter credibilidade, busca a credibilidade para ter lucro. A vantagem é que a imprensa privada pode ser punida com a falta de leitores se sua informação não tiver credibilidade e a outra continua", avaliou.
O frenesi contra a imprensa, na opinião de Fernando Henrique, se dá porque alguns governos querem ter o monopólio da opinião. "Mas hoje, com as mídias sociais fica difícil porque cada um publica a sua opinião", explicou, acrescentando que infelizmente está se criando uma tentativa de pensamento único, de que tudo o que está sendo colocado aqui ou ali é o que importa.
O ESTADO DE SÃO PAULO
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