Contrato com Cingapura abre crise entre PT e PSB no DF
Um contrato entre o Governo do Distrito Federal e uma empresa de Cingapura, tratado aqui neste blog há dias como um “negócio da China”, está em vias de se tornar o estopim do rompimento entre PSB e PT na Capital. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) não consegue acesso ao contrato, apesar de ter encaminhado requisição de uma cópia, em conjunto com o senador Cristóvam Buarque, desde o dia 9 de outubro.
Ao cobrar publicamente esclarecimentos a respeito, obteve como resposta uma desqualificação pública do governador Agnelo Queiroz.
“A crítica é feita por ignorância e provincianismo absoluto. Um aliado ter uma visão atrasada com essa, míope, de prontamente rechaçar que possamos utilizar toda a expertise do que existe de mais avançado e de inteligência no mundo, é incompreensível, a não ser por um motivo completamente mesquinho, que é a disputa eleitoral ou desejar que o governo não dê certo”, disse ao jornal Correio Braziliense.
Agnelo arrematou lembrando que o PSB ocupa cargos em seu governo e, portanto, não poderia criticá-lo. “O que não pode é ter uma atitude de oposição e participar do governo”, disse Agnelo.
Foi essa provocação que levou Rollemberg a discutir com Eduardo Campos o rompimento do PSB com o PT também no DF. O episódio acrescenta mais uma unidade da Federação à crise entre os dois partidos.
“O PSB faz parte do Governo, mas já tive oportunidade de dizer ao governador, que jamais qualquer espaço ocupado pelo PSB comprará o nosso silêncio”, respondeu Rollemberg.
Mas o estranho contrato, que o GDF recusa detalhar, feito na mais esmerada moita, é alvo da própria bancada do PT, que também quer explicações. A deputada federal Érika Kokai (PT-DF) se uniu a Rollemberg e ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF) para questionar a falta de transparência do negócio.
“Há uma insatisfação geral na bancada sob o ponto de vista formal, porque não houve licitação, e quanto ao mérito”, afirmou a petista.
“O governador fulaniza as críticas, mas fazendo isso, não reflete sobre elas. Não há provincianismo, há um sentimento de subalternidade”. Ela ressaltou que ao buscar uma empresa internacional, o governador desprezou o talento e a competência brasileiros, lembrando que Brasília nasceu do trabalho de profissionais como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Athos Bulcão e Burle Marx.
“A reação refratária, belicosa, intolerante às críticas não contribui para consolidar o Estado democrático no GDF”, arrematou.
A assinatura do contrato com a Jurong Consultants, de forma obscura, sem publicidade, no valor de 4,2 milhões de dólares, gerou polêmica, principalmente, entre parlamentares da bancada federal. Nesta quarta-feira, eles se reúnem para discutir o polêmico negócio. A expectativa é que ao final do encontro, seja divulgada uma dura nota contra o governador, alvo de críticas até mesmo de aliados. O mais exaltado tem sido Rollemberg.
Cadê o contrato?
Rollemberg e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) encaminharam ao GDF um ofício requisitando cópia do contrato assinado com a empresa em Cingapura no último dia 9 de outubro, e até hoje não obtiveram resposta.
“Considero humilhante que um governador da capital do Brasil se desloque para uma empresa em Cingapura para assinar contrato… Isso me parece uma atitude provinciana e submissa, porque se estamos assinando um contrato isso tem que ser feito num grande ato público”, argumenta Rollemberg.
O senador questiona, ainda, a falta de licitação: “Se essa empresa dispõe de tanta expertise, por que não fazer um edital público para que outras empresas participassem desse processo seletivo? Por que só uma empresa neste mundo, em Cingapura, é que tem capacidade de planejar o desenvolvimento econômico do DF nos próximos 50 anos?”
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JOÃO BOSCO RABELLO
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