sábado, 27 de outubro de 2012

CORREIOS VIRAM FEUDO DO PT. (+ UM MENSALÃO).


Estopim do escândalo do mensalão, Correios viram feudo político do PT

Após comando do PTB e do PMDB, desalojados em meio a denúncias, petistas dominam cúpula da empresa; ex-ministro José Dirceu e deputado João Paulo Cunha influenciaram escolha de dirigentes

27 de outubro de 2012 | 17h 28
Eduardo Bresciani e Fábio Fabrini, de Brasília
Uma das fontes do escândalo do mensalão, o aparelhamento político na estatal Correios continua, sete anos depois. Após passar pelas mãos do PTB e do PMDB, desalojados do comando em meio a denúncias de corrupção, a empresa virou feudo do PT, cujos líderes indicaram nomes para os principais cargos de direção.
Wagner Pinheiro de Oliveira ocupa cargos por sugestão de caciques do PT há pelo menos 20 anos - WILSON PEDROSA/ESTADÃO-14/9/2011
WILSON PEDROSA/ESTADÃO-14/9/2011
Wagner Pinheiro de Oliveira ocupa cargos por sugestão de caciques do PT há pelo menos 20 anos
Condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) influenciaram a escolha dos dirigentes. O principal exemplo é o presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, que deve sua nomeação ao ex-ministro Luiz Gushiken, absolvido no julgamento em curso no Supremo, e teve ainda a sustentação do grupo liderado por Dirceu.
Sindicalista vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e filiado ao PT, Pinheiro ocupa cargos por sugestão de caciques do partido há pelo menos 20 anos. A ligação com o ex-chefe da Casa Civil, segundo a assessoria do próprio ex-ministro, vem desde a década de 1980, quando o presidente dos Correios era funcionário da legenda na Assembleia Legislativa de São Paulo e Dirceu, deputado.
Nomeado no início do governo Dilma Rousseff com a missão de "sanear" a estatal após o escândalo de lobby e tráfico de influência que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), o presidente dos Correios recebeu elogios de Dirceu em seu blog. Em janeiro de 2011, o ex-ministro da Casa Civil se referiu a ele como exemplo de gestor público "testado e aprovado".
Outro réu com influência na administração dos Correios é João Paulo Cunha. Graças a ele, o petista Wilson Abadio de Oliveira ascendeu à diretoria regional da estatal na Região Metropolitana de São Paulo, a mais rentável do País. A indicação causou uma crise na bancada do PT, no início de 2011, porque Cunha não consultou os colegas sobre a nomeação.
Ex-chefe dos Correios no Rio Grande do Sul, Larry Manoel Medeiros de Almeida assumiu a vice-presidência de Gestão de Pessoas graças à indicação da ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS). Ele já foi multado pelo TCU em R$ 1,5 mil por irregularidades em licitações e na execução de despesas quando atuava na regional gaúcha. Almeida não recorreu da condenação, quitando o débito.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, escalou seu ex-auxiliar no Planejamento, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, para a diretoria de administração. Na cúpula dos Correios os petistas encontraram espaço para alojar também, como assessor especial, Ernani de Souza Coelho, marido da ex-senadora Fátima Cleide (PT-GO). Ele acumula ainda a presidência do conselho deliberativo da Postalis, o bilionário fundo de pensão dos funcionários.
O presidente dos Correios tem ainda outros auxiliares com carteirinha do PT. Seu chefe de gabinete, Adeilson Ribeiro Telles, é militante da legenda e, assim como o patrão, sindicalista com forte atuação na CUT. Na presidência da Postalis, Pinheiro colocou Antonio Carlos Conquista, seu ex-chefe de gabinete na Petros e filiado ao PT paulista.
Estatuto. O aparelhamento decorre também de um rearranjo institucional, que deu margem a mais apadrinhamento em cargos-chave. Mudanças feitas no Estatuto dos Correios, no ano passado, permitiram à atual diretoria nomear funcionários de outros órgãos públicos para funções técnicas e gerenciais, antes exclusivas de servidores de carreira, cujas remunerações variam de R$ 13,3 mil a R$ 18,7 mil.
Com isso, petistas de outros setores da administração puderam se abrigar na estatal. O Estado obteve a relação dos ocupantes desses cargos na administração central da empresa, em Brasília. Boa parte foi preenchida por militantes ou ex-militantes do PT.
Na chefia da Universidade dos Correios, Pinheiro alojou a professora Consuelo Aparecida Sielski Santos, filiada ao PT catarinense, cedida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Para assessorar Larry na vice-presidência de Gestão de Pessoas, escalou Alexandre Vidor, militante do partido no RS. Na Comunicação Social, foi alocado Felipe de Angelis, também do PT gaúcho. A vice-presidência de Administração abriga, como assessor, Idel Profeta Ribeiro, ligado à legenda em São Paulo.

O ESTADO DE SÃO PAULO

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