domingo, 9 de outubro de 2016

Lula confirmado no quadrilhão

O Antagonista

"Há pouca gente brigando pelo ajuste"


Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, alerta para as concessões do governo no ajuste fiscal

Por Márcio Juliboni

Ninguém duvida de que o Brasil está quebrado e apenas um forte ajuste nas contas públicas o recolocará no caminho do crescimento. Mas quase ninguém está disposto a ceder uma parte de seus recursos para que o ajuste deixe de ser apenas boa intenção para se transformar em efetiva e boa política pública.

“Toda vez que você cede a interesses de curto prazo, adiciona um ou dois anos ao ajuste”, afirma Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central. Veja os principais trechos da conversa com O Financista:

O Financista: Como o sr. avalia a inflação de 0,08% em setembro? É tão boa, quanto o mercado diz?

Alexandre Schwartsman: Ela surpreendeu por vir abaixo das expectativas. Há alguns fatores acidentais, como a variação dos alimentos, mas há fatores mais positivos. Um deles é a queda do núcleo de inflação. Outro é o índice de difusão da inflação, que também está menor. O que ainda preocupa é o setor de serviços.

O Financista: Neste sentido, é possível esperar um corte de juros já em outubro?

Schwartsman: Eu esperaria um pouquinho mais, até novembro. Assim, daria tempo de vermos o comportamento dos preços de serviços e a aprovação da PEC do Teto. Mas, sinceramente, essa é uma questão marginal agora. Não diria que o BC cometerá um grande erro, se começar a cortar os juros em outubro.

O Financista: O sr. já disse que flexibilizar um ajuste que nem começou é uma cretinice. Na sua avaliação, quem mais pressiona para aumentar os gastos hoje?

Schwartsman: Há muitas fontes de pressão. A oposição é a mais óbvia, mas ela está apenas marcando posição. Além disso, existe o lobby da saúde e da educação. Por mais que haja mérito em se defender essas áreas, não deixa de ser um lobby por mais gastos. Tanto que a base da PEC, para elas, será 2017, e não 2016. Na verdade, há pouca gente brigando pelo ajuste, de fato. Todos apoiam o ajuste fiscal teórico, abstrato, mas, quando precisam falar do ajuste real, todo mundo quer garantir o seu lado.

O Financista: Como o senhor avalia a capacidade do governo de resistir a essas pressões?

Schwartsman: Em algumas coisas, o governo está indo bem; em outras, não. O que se pode dizer é que ele cedeu demais em tudo o que representa interesses mais imediatos. Cedeu demais no reajuste dos funcionários públicos; cedeu demais na negociação com os Estados. Já em questões de longo prazo, está se saindo melhor, como a PEC do Teto.

O Financista: Qual é o custo efetivo de se ceder em questões de curto prazo?

Schwartsman: Levará o Brasil a precisar de mais anos para arrumar as contas. Todo mundo que estuda seriamente a questão diz que, no melhor cenário, a trajetória da dívida pública só se reverterá em 2021, 2022. Toda vez que você cede a interesses de curto prazo, você adiciona um ou dois anos a essa conta. Além disso, há riscos consideráveis no caminho. A única saída que restou ao Brasil foi um ajuste de longo prazo. Só que, nesse meio tempo, haverá muitos momentos em que ele será questionado: nas eleições de 2018 e de 2022, por exemplo.

 

 
 


 
 

 

O MELHOR DA SEMANA


Lula confirmado no quadrilhão


Lula
 passa a ser investigado no principal inquérito da Lava Jato no STF, que apura a atuação da ORCRIM na Petrobras. Teori Zavascki autorizou a inclusão do petista.



Delator entrega Palocci e Mantega


Fernando Migliaccio, o chefe do Setor de Propinas da Odebrecht, entregou o Italiano e o Pós-Itália. Na lista que o delator preparou para a Lava Jato – e à qual O Antagonista teve acesso –, ele revelou que o Italiano é... [veja mais



TCU rejeita por unanimidade contas de Dilma


Todos os sete ministros do TCU acompanharam o relator José Múcio e rejeitaram as contas da ex-presidente no exercício de 2015. É a segunda vez seguida que o TCU desaprova... [leia mais



STF mantém prisão em segunda instância


UFA! UFA! O STF decidiu, por 6 votos a 5, que condenados em segunda instância podem, sim, ir para a cadeia, sem a necessidade de aguardar o esgotamento dos recursos. Está mantido, assim, o entendimento... [veja mais



Comissão aprova relatório da PEC do Teto


Como previsto, a PEC 241 foi aprovada sem maiores problemas na Comissão Especial da Câmara. Foram 23 votos a favor e 7 contra. A questão agora é garantir o quórum para a votação no plenário. Serão necessários 308 votos. 



O PT sem dinheiro público


O terremoto que atingiu o PT na eleição não se traduz apenas em um número menor de prefeitos e vereadores. Levantamento da Folha aponta que... [leia mais



Assine a petição pela aprovação da PEC 241


O Brasil está quebrado. A irresponsabilidade fiscal dos últimos anos fez com que os gastos públicos crescessem muito acima da inflação e da evolução das receitas. A senha para começar a mudar essa situação é a PEC 241, que pretende... [veja mais



MOMENTO ANTAGONISTA


Reveja os vídeos gravados por Claudio Dantas durante a semana:

Nenhum comentário:

Postar um comentário