Ulisses foi um estadista. Getúlio Vargas, também. Não são muitos entre nós. Como se resgata agora Ulisses, à passagem de seus 100 anos de nascimento, vale revisitar D. Pedro I, tão injustiçado, tão folclorizado, de forma rasteira.
A imagem que prevaleceu foi a de sedutor – há mal nisso? – deixando uma penca de filhos bastados no país, temperamental, responsável pela morte, por depressão, da arquiduquesa Leopoldina, sua primeira esposa.
Inábil, teria rompido com os Andradas de forma desastrda.
Visão rasteira, certamente.
Proclamou a Independência do Brasil, à revelia da Corte portuguesa, com um pouco mais de 20 anos, ocasião em que as províncias eram comandadas por tropas de Portugal. Sufocou diversos levantes contrários à Independência.
Interveio em Portugal, comandando tropas, derrubando o irmão que restaurara o absolutismo, num golpe tramado com o apoio de Carlota Joaquina, mãe dos dois.
E, se mais não fosse, retirou uma provinciana de Santos, Domitila de Castro, separada, esfaqueada pelo ex-marido, mãe, mais velha que ele, transformou-a em paixão arrebatada, amou-a de forma desvairada, enfrentou a caretice da época, e não teve pejo em transformar os filhos de ambos em nobres.
Dom Pedro I, além de grande estadista, foi um transgressor, num mundo mergulhado em preconceitos, anacrônico, com uma nobreza excessivamente religiosa e conservadora.
Por injunções de estado, separou-se de sua grande paixão, a marquesa de Santos, e buscou uma nova esposa, para viabilizar a nação brasileira. Mais estadista, impossível.
Claro, os republicanos o demonizaram.
Pedro I foi de fato um precursor, um estadista, um grande homem.
O Brasil não lhe deve pouco.
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