Cinco missões espaciais estrambóticas da NASA
Com informações da New Scientist - 27/05/2016
Você acreditaria na viabilidade de uma nave espacial totalmente mecânica, sem qualquer eletrônico? E em uma nave de pedra? [Imagem: Made in Space/Divulgação]
Ideias visionárias
Desde 2011, o programa Conceitos Inovadores Avançados (NIAC) da NASA vem selecionando ideias visionárias para a exploração espacial que a agência acredita valer a pena explorar.
A versão deste ano contempla 13 propostas, cada uma das quais receberá US$100.000 para mais nove meses de pesquisas e detalhamentos. Se qualquer uma delas vingar, a equipe poderá se candidatar a mais dois anos de trabalho, contando com um financiamento de US$500.000.
Detalhes completos dos projetos só serão conhecidos em um simpósio agendado para agosto - mas aqui estão algumas das ideias já divulgadas pelos pesquisadores.
Nave membrana
Se você acha que as espaçonaves atuais são grandes demais, a Brane Craft foi talhada para você. Ela consistiria de um tecido plano de um metro quadrado, pesando apenas 35 gramas - e, ainda assim, capaz de impulsionar-se através do espaço.
O combustível fica em um vão de 10 micrômetros entre duas folhas de material isolante, com células solares de um dos lados para gerar eletricidade. Essa energia produzirá campos eletromagnéticos para gerar um spray de partículas de combustível que sairão pelo outro lado, empurrando a nave espacial.
Surpreendentemente, essa ideia de Siegfried Janson, da Corporação Aeroespacial, em Los Angeles, é a terceira tecnologia superfina que o programa NIAC financia. Mas as propostas anteriores eram apenas para componentes que poderiam cair em um planeta e se comunicar. "Esta é uma extensão dessa ideia para uma nave espacial de membrana totalmente funcional," diz Jason Derleth, chefe do NIAC.
Uma das aplicações para a nave membrana seria se aproximar e embrulhar detritos em órbita baixa da Terra - lixo espacial - e, em seguida, arrastar esse material para que ele se queime na reentrada na atmosfera.
O laser do robô Curiosity serviu de inspiração para um canhão laser para analisar asteroides sem precisar pousar. [Imagem: Nasa/JPL]
Feixe de energia para asteroides
Quando visitamos cometas ou asteroides, como saber do que eles são feitos? Gary Hughes, da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia, propõe atingi-los com um feixe de energia.
O feixe vaporizaria ou sublimaria material na superfície do asteroide ou cometa, antes de aquecer a rocha por baixo. O brilho da pedra aquecida serviria como fonte de luz, que atravessaria a nuvem de moléculas vaporizadas, permitindo que um instrumento a bordo de uma nave ou sonda espacial identificasse elementos e compostos químicos na nuvem.
Uma missão equipada com essa tecnologia poderia fazer a varredura em toda a superfície do corpo celeste visitado e mapear sua composição. Ou poderia se concentrar em um único local para obter um registro do material mais profundo, antes de ir para a próxima rocha espacial.
"Você pode imaginar uma missão que vá para o cinturão de asteroides e atinja 40 ou 50 alvos," disse Derleth.
Um motor de fusão nuclear poderia viabilizar um estudo mais aprofundado de Plutão. [Imagem: NASA/Ralph/MVIC]
Motor de Fusão Direta
Para uma viagem mais rápida pelo Sistema Solar, que tal uma nave espacial movida a fusão nuclear?
Stephanie Thomas está chefiando uma equipe na empresa Princeton Satellite Systems para desenvolver um "motor de fusão direta", que já conta com financiamento do Departamento de Energia dos EUA.
Esse motor seria acionado pela energia da fusão de deutério e hélio-3 e, supondo que ele funcione como anunciado, a equipe sugere usar o motor para impulsionar uma sonda espacial para Plutão.
Uma sonda alimentada por fusão poderia chegar lá em apenas quatro a seis anos, cerca de metade do tempo que a sonda New Horizons levou, com a vantagem de poder brecar e entrar em órbita, e até mesmo pousar.
Ela também poderia examinar o planeta anão e outros corpos celestes distantes com muito mais instrumentos, graças à disponibilidade de até 2 megawatts de energia, milhares de vezes mais do que a New Horizons dispõe.
A superfície de Vênus é quente demais para qualquer equipamento eletrônico. [Imagem: Nasa/JPL]
Sonda espacial mecânica
O mecanismo de Anticítera, uma calculadora astronômica de 2.000 anos de idade, funcionava com base apenas em um relógio. Será que uma abordagem similar nos ajudaria a explorar Vênus?
O calor, a pressão e a composição química da superfície de Vênus não permitiram que nenhum módulo de pouso fosse capaz de sobreviver por muito mais do que 2 horas. A chave para o problema pode ser remover totalmente as peças eletrônicas, propõe Jonathan Sauder, do Laboratório de Propulsão a Jato da própria NASA.
"Estamos agora chegando ao ponto em que podemos fabricar materiais que podem sobreviver [em Vênus], mas é a eletrônica que não vai aguentar," disse ele.
Construídos com metais endurecidos, autômatos totalmente mecânicos poderiam explorar Vênus e outros ambientes extremos no Sistema Solar.
Mas isso deixa uma parte por resolver: como enviar mensagens de volta para a Terra. Parece coisa de ficção científica especulativa, mas a proposta de Sauder é gravar os dados em um fonógrafo e, em seguida, colocá-lo a bordo de um balão, que levaria os dados para uma nave espacial acima. A propósito, uma nave que consiga mergulhar na atmosfera e sair novamente do planeta ainda terá que ser desenvolvida.
Nave espacial asteroide
Em uma linha mais radical do que o rover mecânico de Vênus, este conceito cairia bem ao gosto de Fred Flintstone: uma nave espacial de pedra, e esculpida de um asteroide.
Primeiro, uma sonda robótica iria até um asteroide, explica Jason Dunn, da empresa emergente Made in Space, incubada no Centro de Pesquisas Ames, da NASA. Uma vez lá, a sonda iria começar a escavar, convertendo gelo e rocha em análogos ásperos de peças de naves espaciais, incluindo um sistema de propulsão que controlaria a direção do asteroide disparando material - pedras ou areia - para o espaço.
Ao transformar o próprio asteroide em um autômato, o sistema eliminaria a necessidade de lançar quaisquer peças da Terra. Uma vez colocado em movimento, o asteroide poderia realizar uma missão pré-programada, como desviar a si próprio da Terra, ou chegar perto o suficiente para que astronautas possam pousar sobre ele.
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