Nesta quinta-feira, 02, policiais militares fizeram uma perseguição ao que achavam ser bandidos comuns em São Paulo. O desfecho da ação, no entanto, foi a morte de um menino de 10 anos. O caso ganhou grande repercussão na mídia. O garoto, segundo a versão oficial dos policiais militares, teria roubado um carro com um amigo, de 11 anos. A patrulha passava pelo local quando viu o veículo em situação suspeita e decidiu perseguir o carro. As crianças bateram com o automóvel e o menino de 10 anos teria atirado nos policiais. Os agentes de segurança revidaram. Um dos meninos foi morto. Só neste ano, ele havia sido apreendido três vezes por roubo.
Nesta sexta-feira, 03, coube à mãe do garoto, a doméstica Cintia Ferreira Francelino, 29, reconhecer o corpo do filho. Ela esteve no Instituto Médico-Legal, IML, onde não escondia a tristeza profunda pela morte de um herdeiro. Ao lado da mãe, outros quatro parentes da vítima. Um deles sequer usava calçados, mostrando que a família do menino era pobre. Com dificuldades, Cintia pediu para ver o corpo do filho. 
A história da mãe começou a ser revelada. Em entrevista ao UOL, ela contou que mora em uma favela no Campo Belo, Zona Sul de São Paulo. "Como ele [o policial que deu um disparo na cabeça do menino] não viu que era uma criança, meu Deus? Ele não tem filho?", disse ela chorando muito. De acordo com a doméstica, o folho não morava com ela, mas sim com a avó por parte de pai.
O garoto não queria mais estudar, abandonou a escola. A mãe disse que sabia que o menino andava muito na rua, mas negou que ele tivesse arma. Ela pediu que um exame de digital fosse confrontado com a arma encontrada no local do crime. A fala mostra uma insinuação de que os profissionais de segurança teriam inventado a história, plantando um revólver no local.
O outro menino, de 11 anos, contou uma história muito parecida com a da polícia. Segundo ele, o objetivo dos dois era roubar um apartamento, mas ao olhar um carro com a janela aberta, a facilidade falou mais alto. O pai do menino estaria preso.