Investigação sobre o esquema ganhou força depois que o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, disse ter pagado propina aos agentes
O Ministério Público de São Paulo deflagrou na manhã desta sexta-feira a Operação Zinabre contra fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de São Paulo, suspeitos de envolvimento em fraudes tributárias no Estado.
Desde as 6 horas, policiais civis cumprem sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão expedidos pela Justiça a pedido do Grupo Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec). Três fiscais já foram detidos em São José dos Campos e Sorocaba, no interior paulista. Outros quatro estão foragidos.
Segundo a Promotoria, a fraude ocorria na fiscalização tributária na importação e industrialização do cobre. Zinabre, nome com o qual foi batizada a operação, é o produto usado na oxidação do cobre. Os suspeitos trabalham em delegacias tributárias regionais em Sorocaba, Taubaté, no interior, e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
A investigação sobre o esquema ganhou força após o depoimento do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operaçao Lava Jato, a promotores criminais e representantes da Corregedoria-Geral do Estado, em 24 de junho deste ano. Nele, Youssef confirma ter pago propina a fiscais do ICMS de São Paulo para reduzir dívidas de uma empresa com o Fisco paulista. O doleiro revelou que o executivo Júlio Camargo, também investigado na Lava Jato, representava a fabricante Pirelli Cabos Elétricos em 2010 e foi procurado a empresa precisava pagar propina aos fiscais. O MP estima que os valores pagos por Youssef podem chegar a pelo menos 15 milhões de reais.
Por meio de contas do executivo no Uruguai, Youssef conseguiu cerca de 1 milhão de dólares. O dinheiro foi transferido para o Brasil para uma conta indicada pelo doleiro. A quantia, cerca de 2 milhões de reais, foi paga em dinheiro a um fiscal de ICMS, em um imóvel localizado na Avenida Nova Independência, na Zona Sul de São Paulo.
No dia seguinte ao depoimento de Youssef, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) começou a exonerar cerca de dez integrantes da cúpula da Receita estadual. Segundo o governador, as demissões ocorreram por critérios técnicos por causa da troca do secretário da Fazenda, feita em janeiro.
(Com Estadão Conteúdo)
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