Stanislaw Ponte Preta, já disse, lá atrás, que urubu, em Niterói, RJ, voava de costas. Vale, parece, para o resto do país.
Um dos condomínios mais caros de Manaus, o famoso Ephygênio Salles, – observem a grafia -, onde reside a elite do estado, inclusive um ex-governador, está introduzindo telas nas palmeiras imperiais para impedir que pássaros, em seus voos de migração, ali pousem.
São barulhentos, ruidosos, inconvenientes, é o consenso dos ouvidos sensíveis de seus moradores.
As fotos chocaram a cidade e o país, e essa violência não é recente, é antiga, mas agora surgiram imagens. O diabo das redes sociais, uma praga.
Até aí, tudo bem, vamos combinar. O curioso é que o Amazonas, ao lado do Maranhão e Piauí, oferece os piores índices de desigualdade social do país.
E, então, ocorrem coisas curiosas.
Um biólogo e ornitólogo, Mário Cohn-Haft, de alto saber, convidado a opinar sobre o heterodoxo recurso do condomínio, não se fez de rogado; “as pessoas podem optar pelas aves ou pelas árvores…”.
Mais à frente, o nosso cientista Cohn-Haft, curador de aves do INPA( Instituto de Pesquisas da Amazônia), um dos mais conceituados do país, registra ; “ eu entendo as outras pessoas, que podem ficar incomodadas com as aves”.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) declarou, em nota que “a cobertura é uma medida preventiva sugerida pelo Ibama e que os periquitos que todos os dias pousam no local estariam corroendo as copas e matando as espécies”.
Já o superintendente do Ibama, Geandro Pantoja, informou ter emitido parecer sobre o assunto, mas que não poderia detalhar porque já havia encerrado o expediente. E não tinha como consultar o processo.
Complementou ainda que “medidas de obstrução à fauna poderiam causar impacto, mas isso precisava ser avaliado”.
Pode haver melhor retrato do Brasil, de sua elite, de seus governantes, do que esse insignificante e inútil episódio?
Revisitando – 1/12/2014 - PS : vale a pena sonhar com a marca Ralph Lauren da elite brasileira?
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