sábado, 8 de setembro de 2012

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO.

Conta de luz continuará acima da média global

Corte anunciado pelo governo tira País do topo do ranking, mas tarifa segue elevada 

07 de setembro de 2012 | 21h 21
Eduardo Magossi e Francisco Carlos de Assis, de O Estado de S. Paulo
O anúncio de redução das tarifas de energia elétrica, feito pela presidente Dilma Rousseff, na quinta-feira, foi comemorado pelo mercado, que há anos reivindica a revisão nos preços. Para a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), trata-se de uma decisão histórica, que sinaliza um novo rumo para o País.
A entidade destaca que, com a redução de 16,2% nas tarifas residenciais e de até 28% da indústria, o Brasil deixará o topo do ranking das energias mais caras do mundo, o que deve acelerar o crescimento econômico do País. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) também festejou a medida e fez questão de frisar que "há um ano e meio vem defendendo incansavelmente a redução do preço da energia no País - um dos mais importantes componentes do Custo Brasil e que afeta linearmente todos os brasileiros".
"O anúncio é muito importante e mostra que a Fiesp conseguiu colocar a questão do preço da energia na pauta de discussões. Considero esta uma vitória de todos nós, brasileiros, que precisamos de preços justos e condições justas para fazer o País crescer tudo o ele pode crescer", afirma o presidente da federação, Paulo Skaf.
Mas nem todo mundo foi tão eufórico. Segundo a Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), embora caia no ranking, o preço da eletricidade no Brasil continuará acima da média mundial. No caso da tarifa industrial, os preços de energia precisariam cair 35% para ficar na média mundial.
O corte de 35% também faz parte de um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), apresentado no início de agosto. De acordo com a Firjan o custo médio da energia no Brasil, com base no mercado cativo é de R$ 329 o megawatt hora (MWh), ante uma média mundial de R$ 215,5 o Mwh.
O presidente da Anace, Carlos Faria, pondera que a redução da energia elétrica pode trazer problemas se for vinculada à renovação das concessões que estão para vencer. "Esses ativos que terão suas concessões renovadas já estão depreciados e, se tiverem seus preços reduzidos de forma aleatória, podem ser prejudicados, o que vai acabar afetando o consumidor final."
O executivo acredita que as medidas podem limitar ainda mais a participação do mercado livre de energia, já que, em sua avaliação, a presidente está usando um discurso estatizante. "O setor precisa de redução do preço de energia, mas cabe entender como será feita essa redução. O processo tem de ser transparente."
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, a redução do preço é positiva porque tem sido um obstáculo à indústria. "Mas essa redução não pode ser feita de forma populista, antes de uma eleição, como ocorreu." Na avaliação dele, as medidas de redução de preço da energia teriam de ser acompanhadas de um pacote de eficiência energética. "O consumidor tende a desperdiçar e gastar mais tudo o que é barato."
Inflação
O corte de 16,2%, em média, para as contas residenciais, representará uma queda de até 0,55 ponto porcentual na inflação do próximo ano, segundo os economistas Fábio Romão, da LCA Consultores, e Flávio Serrano, do Espírito Santo Investment Bank. A conta de luz responde por 3,35% da composição do IPCA, o termômetro oficial da inflação do consumidor brasileiro e que baliza as metas de inflação do Banco Central.
Com essa folga nos índices, os economistas acreditam que haja espaço para a Petrobrás elevar os preços dos combustíveis. No mercado, cogita-se que a estatal pode reajustar em 10% os preços. Um aumento dessa magnitude impactaria em mais ou menos 0,25 ponto porcentual, para cima, o IPCA.


O ESTADO DE SÃO PAULO

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