Em "1984", de George Orwell, se dizia que "liberdade é expressão" e "guerra é paz". Sendo assim, por que não transformar a expressão "não estupraria Maria do Rosário" em apologia ao estupro?
Foi assim que a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve nesta terça-feira 15, por unanimidade, a condenação do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por danos morais contra a também deputada Maria do Rosário (PT-RS).
A decisão do STJ é a terceira condenação de Bolsonaro. Em agosto de 2015, a juíza Tatiana Dias da Silva, da 18ª Vara Cível de Brasília, determinou que o deputado pagasse 10 mil reais de indenização a sua colega pela frase.
A própria sequência deste julgamento é um dos atos mais absurdos da história brasileira, uma vez que viola princípios como a imunidade parlamentar, além de inventar crimes inexistentes.
Basicamente Bolsonaro disse, como piada, “que não iria estuprar Maria do Rosário, pois ela não merece”. Em uma inversão da realidade, a partir da encenação e do fingimento, transformaram isso em “apologia ao estupro”. Fico imaginando o que aconteceria se ele dissesse o inverso: “iria estuprar Maria do Rosário, pois ela merece”.
Foi criada a narrativa de que ele deixou subentendido que “se Maria do Rosário não merece, então as outras mulheres merecem”. E aí entraria a apologia ao estupro. Mas essa narrativa colocaria os narradores como igualmente apologistas do estupro, pois se alguém diz que “nenhuma mulher merece ser estuprada" então automaticamente diz que homens, crianças e animais podem ser estuprados.
Como se nota, é tudo um baita de um circo fascista, obscurantista e censório, feito com o objetivo de dizer que Jair Bolsonaro pode ser condenado por crimes inexistentes. Resta saber se os militantes pró-Bolsonaro reagirão quando conseguirem tirá-lo da disputa a partir de jogadas sujas como essa.
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