O advogado Mário Filho, defensor de Fernando Baiano, mais um nas encrencas da Petrobras, cuja vida social é de fazer inveja a um xeique da Arábia Saudita, emitiu uma frase que chocou as almas sensíveis do país.
– O empresário faz uma composição ilícita com o político. Se não o fizer, não sai obra.
Completou dizendo que, não procedendo assim, não se põe um paralelepípedo em qualquer rua da mais distante prefeitura do país. Foi um Deus nos acuda.
Claro que ele, como diria Stanislaw Ponte Preta, está querendo generalizar a esbórnia em favor de seu cliente. E, no entanto, sua denúncia não é de toda descabida, imaginamos.
O inesquecível Paulo Francis sabia da existência dessas maracutaias, desde os doces anos de FHC, e cometeu a estupidez de anunciar que existiam.
Estupidez porque não tinha provas, mas sabia.
Parece até a convicção de que a Terra não era o centro do mundo, na longa noite da Idade Média.
Giordano Bruno pagou com a vida, e antes Galileu Galilei teve que se desmentir, dançar no fio da navalha.
Os diretores da Petrobras, irmanados, moveram-lhe uma ação nos EUA, onde vivia, e na qual teria que indenizá-los, caso não comprovasse suas denúncias, com a bagatela de U$100 milhões.
Francis, que nunca nadou em dinheiro, conforme era o jornalismo de seu tempo, não segurou a barra, e morreu enfartado.
Francis sempre foi um franco-atirador, sempre esteve na contramão, a esquerda o odiava e a direita sempre quis distância dele.
Homens como Francis, Nelson Rodrigues, Millor, nenhum país pode prescindir, pode levar aos tribunais. E se forem levados, que sejam absolvidos.
São a consciência de uma nação que se preza, e precisam prevalecer sobre o rebanho alienado.
Estão na contramão do amém, do sim senhor, dos que não só beijam as mãos do poder, como vão mais longe, beijam, reverenciosamente, a própria mesa.
Sei não, mas duvido muito que FHC, Serra, e outros caciques daqueles tempos tucanos, tenham chorado de verdade a morte de Francis.
Sim, porque se quisessem teriam impedido que a diretoria da Petrobras, naqueles anos, se apropriasse das melhores bancas de advocacia e partisse para cima de Francis.
As custas das bancas pagas pela empresa. Que movessem uma ação, mas não com os recursos da Petrobras.
O combate era desigual e Francis sabia o peso das leis americanas, onde vivia.
Perdeu. Enfartou.
24/11/2014
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