O provérbio diz que a esperteza, quando é demais, acaba engolindo o esperto. Hoje ninguém há de negar que o cidadão mais esperto do Brasil é Joesley Batista, que negociou um acordo de impunidade com o PGR Janot.
Porém, uma nova notícia mostrar que sua esperteza está saindo do controle, podendo engoli-lo rapidinho.
Conforme coluna de Mônica Bergamo (Folha), os advogados de Joesley se preparam para processar políticos, jornalistas e apresentadores de TV que o chamam de bandido. As indenizações que vier a ganhar, diz ele, serão destinadas a uma instituição de caridade.
Mas esperem aí.
Um bandido é aquele que comete crimes, não alguém que cometeu crimes e foi anistiado de suas penas. Por exemplo, se um sujeito é identificado como assassino, não é sua absolvição (por algum “acordo estranho”) que irá mudar o fato de que ele é um assassino.
Para alguém ser bandido, basta ter cometido um crime.
Porém, se Joesley realmente lançar um único processo que seja para punir quem o chama de bandido, terá que sustentar a tese de que ele não cometeu crime algum. Mas sua delação menciona parceiros em crimes cometidos em aliança com ele.
Uma vez que ele resolva negar que os crimes não existiram, todas as investigações decorrentes de sua delação tem que ser interrompidas, pois não haveria crime algum a ser investigado. Para ter existido um crime é preciso que ele tenha agido como bandido, ou seja, ser um bandido.
Basta olhar a definição de “bandido” no Dicionário Michaelis:
ban·di·do
sm
1 Pessoa que pratica toda sorte de atividades criminosas; bandoleiro, facínora, malfeitor, pistoleiro.
2 POR EXT Pessoa maldosa, sem escrúpulos.
3 Vpirata, acepção 3.
adj
1 Que foi bandido; exilado.
2 Que tem características de bandido.
Ou seja, para negar que é um bandido (e aí sim poder ver chance numa ação de difamação), ele terá que negar que já tenha apresentado as características de bandido, praticando atividades criminosas.
Mas aí ele teria mentido em delação para fingir que cometeu crime (que agora estaria negando) e pode, aí sim, ir para a cadeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário