por Felipe Moura Brasil
O ideólogo comunista italiano Antonio Gramsci dizia que as ações que vão transformar a sociedade do capitalismo para o socialismo não devem ser empreendidas diretamente pelo Estado.
Elas devem ser ações indiretas via infiltração de militantes nos centros disseminadores de ideia da sociedade (escolas, universidades, mídia, show business, mercado editorial) e criação de ONGs e movimentos sociais, por meio dos quais o Partido pode agir sem ser percebido.
No vídeo “Lula é produto da ocupação de espaços”, mostrei cenas em que Lula e esquerdistas como Emir Sader e Jean Wyllys se mostram seguidores e praticantes conscientes da estratégia gramsciana de tomada do poder político por meio da chamada “Revolução Cultural”.
Diferentemente de Lula e Dilma Rousseff no Brasil, Hugo Chávez e seu sucessor Nicolás Maduro escancararam o caráter autoritário de seus governos na Venezuela justamente pela ação direta do Estado.
Chávez, por exemplo, fechou a emissora RCTV e nacionalizou empresas de telecomunicações e energia. As ações de Lula, embora não menos repudiáveis, sempre foram menos ostensivas.
“Porque, para nós, o ideal é essa parceria público-privada”, disse ele, por exemplo, em 22 de abril de 2010, defendendo o mecanismo que rendeu a petistas e campanhas do PT, bem como de seus aliados em outros países, como o Peru e a própria Venezuela, uma fortuna em propinas pagas pelas empreiteiras em troca de contratos públicos.
“A empresa Odebrecht arcou com cerca de US$ 7 milhões” do valor cobrado por João Santana pela campanha de Chávez de 2012, disse, em delação premiada, Mônica Moura, mulher do marqueteiro do PT.
Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, revelou à PGR que a lei das Parcerias Público-Privadas (PPP), de 2004, está entre as encomendas da empreiteira atendidas (e propagandeadas, como se nota) por Lula.
A Lava Jato descobriu vários esquemas do chefão petista, que agora precisa fugir da operação para o Palácio do Planalto no momento em que Maduro endurece o regime chavista, prometendo prender “um a um” os 33 juízes nomeados pela Assembleia Nacional, de maioria opositora, para o Tribunal Supremo de Justiça venezuelano.
Lula vem atacando Sérgio Moro e ameaçou prender jornalistas, mas Maduro realmente prendeu três juízes, e não pega bem para um candidato seguir apoiando o sucessor de Chávez incondicionalmente, apesar de todos os vídeos que já gravou a seu favor.
Maduro é a ação das bravatas de Lula.
Daí que Lula tenha vazado para a Folha que estaria “preocupado com a administração Maduro (sic) e teria recomendado, mais de uma vez, moderação ao presidente da Venezuela” (defendido pela presidente ré do PT, Gleisi Hoffmann, no mais recente Foro de São Paulo, na enésima amostra de jogo duplo petista para ganhar dos dois lados).
Lula é mesmo um plantador profissional, como comentamos em O Antagonista. Para escapar da cadeia, ele tenta se descolar até da ditadura que, direta e indiretamente, ajudou a erguer.
felipemb@oantagonista.com
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