“E as palavras, eu que vivo delas, onde estão?”
Como posso contar Neymar prostrado ao chão, socorrido pelos companheiros, chorando mais que o bebê abandonado por Jocasta, vivendo um pranto inconsolável?
Cantem as musas o pranto de Neymar, falem dos seus ressentimentos, registrem a humilhação diante de 3 bilhões de pessoas, hostilizado por 200 milhões em sua própria casa, ele que até então fora ignorado pelos deuses.
A nação pedia, clamava, por reparação, não podia mais fingir, esquecer o 7X 1 humilhantes, nunca apagado, desfechado por um adversário prepotente e de claros olhos.
Chorem as musas as dores e o contentamento descontente desse jovem guerreiro, sempre questionado, que até então fraquejara.
Em terras remotas brilhava, mas nos combates internos defendendo a honra da mãe pátria, os deuses da Fortuna até então o ignoravam.
Cantem tudo, celebrem Neymar, divinas musas, resgatem Homero, mas não se esqueçam de cantar o guerreiro Weverton, sem o qual a glória da pátria, o cala-boca de um país inteiro, o chega prá-lá dos humilhantes 7X1, continuariam amargando os corações dessa gente morena, cabocla, mulata, mestiçada e alegre.
Os gregos diziam ser impossível alterar a escrita implacável do Destino. Ao nascermos já está tudo escrito, nada, ou quase nada, pode ser modificado.
Weverton, de quem sequer sabiam os doze deuses sua existência, o receberam em festa, este acreano humilde, alçado ao Olimpo pelas tramoias do Destino, e sem ele, certamente, não teria havido ontem a glória de Neymar, sem ele o grito na garganta, até então reprimido, agora mergulhado em choro, não teria explodido.
OS – Este pífio texto é uma tentativa, certamente frustrada, de homenagear Armando Nogueira, acreano como Weverton, que cantou como nunca antes havia sido feito, as glórias e tragédias do futebol, num país onde a pátria está no bico das chuteiras.
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