quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

VEJAM O QUE O PT FEZ COM A VALE.


Vale tem 1º prejuízo trimestral desde 2002: R$ 5,6 bilhões

Perdas no 4º tri pressionaram o resultado fechado de 2012, cujo lucro recuou 74,3% e atingiu R$ 9,7 bi

27 de fevereiro de 2013 | 19h 24
Mônica Ciarelli e Vinicius Neder, da Agência Estado
Texto atualizado às 20h20
RIO - A mineradora Vale registrou no quarto trimestre do ano passado prejuízo de R$ 5,628 bilhões, o primeiro resultado negativo trimestral desde 2002. Com isso, o lucro líquido de 2012 foi de R$ 9,734 bilhões, queda de 74,3% em relação a 2011. O prejuízo no último trimestre do ano passado deveu-se a baixas contábeis e já era esperado pelo mercado.
O último resultado no vermelho da mineradora foi registrado no segundo trimestre de 2002, de US$ 150 milhões. Ao divulgar os dados na noite de ontem, a companhia informou que o lucro líquido básico - excluindo o efeito de itens não caixa não recorrentes, como as baixas contábeis - foi de R$ 22,2 bilhões ano passado, contra R$ 39,2 bilhões em 2011, queda de 43,4%.
A empresa se disse impactada pelo menor crescimento da economia global. "Uma das consequências do cenário macroeconômico adverso foi a queda generalizada dos preços de minérios e metais", diz a empresa no balanço.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, procurou sinalizar para uma melhora de preços neste ano. "Acredito que o mercado será menos volátil e com demanda maior por matéria-prima", afirmou Ferreira, em teleconferência. O executivo reforçou o compromisso da mineradora com corte de custos e eficiência.
A estratégia, segundo Ferreira, será a companhia manter uma carteira de projetos menor, mas, com potencial para remunerar de forma "extraordinária" o acionista. Ferreira reiterou o foco no desenvolvimento do projeto Serra Sul, orçado em quase US$ 20 bilhões. Em 2012, os investimentos da Vale foram de US$ 17,7 bilhões, inferior aos US$ 21,4 bilhões previstos inicialmente.
As baixas contábeis com ativos somaram R$ 8,211 bilhões. Estão incluídas aí operações de níquel de Onça Puma (R$ 5,770 bilhões), no Pará, e minas de carvão na Austrália (R$ 2,139 bilhões). Outra parte das baixas, de R$ 4,002 bilhões, referem-se a investimentos, incluindo a siderúrgica CSA, parceria com a alemã Thyssenkrupp, localizada no Rio.
A CSA custou uma baixa de R$ 1,8 bilhão à Vale. De acordo com Ferreira, a baixa não teve relação com o processo de venda da siderúrgica, que está sendo negociada pela Thyssenkrupp. O executivo sustentou que, devido a problemas ocorridos no início da operação da CSA, a Vale teve de fazer ajustes.
O prejuízo da Vale no quarto trimestre estava dado, lembrou o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, porque as baixas contábeis já eram esperadas pelo mercado. Todas as projeções levantadas pelo Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, indicavam prejuízo, oscilando de US$ 516 milhões a US$ 2,859 bilhões, no padrão contábil norte-americano. Por esse cálculo, o prejuízo do quarto trimestre foi de US$ 2,647 bilhões.
Segundo Galdi, seria mesmo melhor para a empresa "limpar" logo o balanço, para poder "fazer bonito" neste ano. "O resultado de 2012 já estava contaminado", disse Galdi, em entrevista antes do anúncio do balanço.
A receita operacional nos últimos quatro meses de 2012 totalizou R$ 24,707 bilhões, subindo 11,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Segundo a Vale, o aumento ocorreu principalmente devido à elevação preços na passagem do terceiro para o quarto trimestre.
No quarto trimestre, o preço médio do minério de ferro foi de US$ 93,66 por tonelada, contra US$ 83,69 no período imediatamente anterior. Na média anual, porém, o preço de 2012 ficou em US$ 96,77 por tonelada, contra US$ 136,07 em 2011.
Galdi destacou ainda que as baixas contábeis com desvalorização de ativos estão afetando os resultados de 2012 de todas as grandes mineradoras globais, principais concorrentes da Vale - BHP Billiton, Anglo American e Rio Tinto. Todas as três mudaram seus presidentes nos últimos meses.
"A crise trouxe isso. Quando as empresas compraram ou investiram nesses ativos, eles valiam 100, agora valem 20", exemplificou Galdi, lembrando que as baixas contábeis fazem parte de um processo de adaptação das companhias a um novo cenário internacional após 2008.


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