Primeiro homem a pisar na Lua lamenta cortes no programa espacial dos EUA
Atualizado em 25 de maio, 2012 - 09:55 (Brasília) 12:55 GMT
O primeiro homem a ir à Lua, o célebre Neil Armstrong, que pousou sobre o satélite natural com a Apollo 11 em julho de 1969, lamentou a decisão dos Estados Unidos de fazer cortes no programa espacial americano.
Em uma rara entrevista, o americano falou com a CPA Austrália, a associação de contadores do país, e disse que os cortes no programa, anunciados pelo presidente americano, Barack Obama, em 2010, limitam as expectativas do país em uma área em que os EUA sempre foram pioneiros.
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"A Nasa (agência espacial americana) é um dos investimentos públicos de maior sucesso na motivação dos estudantes para que eles façam bem as coisas e alcancem tudo o que puderem alcançar", disse o ex-astronauta.
Armstrong citou seu próprio exemplo, afirmando que, quando criança, os voos dos militares americanos o motivaram a se esforçar.
"É triste que estejamos levando o programa para uma direção em que reduzimos a quantidade de motivação e estímulo que dá aos jovens", afirmou.
A entrevista de Armstrong foi disponibilizada em vídeo no site da CPA Austrália para marcar o aniversário de 125 anos da instituição e causou surpresa na imprensa internacional.
O ex-astronauta de 82 anos não costuma conceder entrevistas e sempre foi resistente em falar sobre a missão ao espaço que o levou à fama em 1969.
Mas, talvez a razão de Armstrong ter falado com o diretor da CPA, Alex Malley, seja familiar.
"Eu sei de algo que a maioria das pessoas não sabem a respeito de Neil Armstrong. O pai dele era contador", disse Malley à imprensa australiana.
20 segundos
Armstrong disse na entrevista que não estava muito otimista em relação à sua missão à Lua.
"A diferença entre 20 minutos ali em cima (no espaço) e ir à Lua, era algo muito além do que podíamos acreditar, tecnicamente", disse o ex-astronauta comparando a missão da Apollo 11 com as missões anteriores da Nasa, na qual os astronautas chegaram ao espaço e não ao satélite natural.
"Um mês antes da decolagem da Apollo 11, decidimos que tínhamos confiança o bastante para tentar descer na superfície (da Lua)", dise.
"Acredito que tínhamos uns 90% de possibilidades de voltar a salvo à Terra, mas apenas 50% de aterrissar em uma primeira tentativa. Havia muitas coisas desconhecidas nesta descida da órbita lunar para a superfície, que não tinham sido demonstradas", lembrou o ex-astronauta.
O momento do pouso na Lua foi tenso.
"Não era, absolutamente, um bom lugar (para o pouso)", disse.
"Peguei o controle manual e voei como em um helicóptero, em direção oeste, contou.
Armstrong revelou que o computador de bordo indicou um lugar para o pouso que não era o melhor, pois estava ao lado de uma cratera.
"Levei (a nave) para uma zona mais plana, sem tantas rochas e encontrei uma área parecida e pude pousar ali antes que ficássemos sem combustível. Tínhamos (combustível) apenas para mais 20 segundos."
Conspirações
Na entrevista, Armstrong também comentou o fato de que muitas pessoas ainda pensam que a viagem à Lua foi uma mentira.
"As pessoas gostam de teorias de conspiração, são muito atraentes", disse.
Mas o ex-astronauta conta que existe uma forma de provar que eles chegaram à Lua e a prova está no próprio satélite natural da Terra.
"(Os comentários) nunca foram uma preocupação para mim porque em algum momento alguém voará de volta (para a Lua) e encontrará a câmera que deixei lá em cima", diz o americano, citando câmeras fotográficas que tiveram de ser deixadas para trás por excesso de peso na nave no regresso à Terra.
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