quarta-feira, 12 de julho de 2017

A sentença de Moro sobre Lula é um marco histórico a ser comemorado, mas este é apenas o começo da luta por mrk

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A sentença de Moro sobre Lula é um marco histórico a ser comemorado, mas este é apenas o começo da luta

por mrk
Se a maioria dos cidadãos de bem está comemorando a sentença de Moro contra Lula, uma pequena parcela deste setor da população está um tanto receoso (e com certa razão) por um detalhe: o ex-presidente foi apenas condenado, e não trancafiado a partir do modelo de prisão preventiva adotado em tantos outros casos, como os de Eduardo Cunha e Marcelo Odebrecht.
Outro motivo para desconfiança está no fato de que recentemente o TRF-4 anulou uma sentença de Moro contra João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Ficava a pergunta no ar: será que estão armando mais algo do tipo para liberar Lula.
Vale lembrar que a sentença em segunda instância só deve sair daqui um ano, ou seja, durante o processo eleitoral do qual Lula fará parte. E se Lula for solto pelo TRF-4? E se o STF inventar uma nova regra permitindo que ele seja candidato mesmo condenado em segunda instância?
Todas essas preocupações são válidas, principalmente se levarmos em conta que Lula estará solto durante todo esse período, sendo capaz de fazer muita coisa (até dar um golpe de estado nos padrões venezuelanos). Eu mesmo já cheguei a escrever, dias atrás, que "condenação de Lula sem prisão preventiva não significa praticamente nada".
Seja lá como for, os petistas sentiram o baque da sentença de Moro e estão de fato indignados. Mas como eles se sentiriam assim se ganharam o presente da manutenção da liberdade de Lula enquanto ele é apenas condenado? Não deveriam agradecer a Moro?
Na verdade, eles também tem motivos para preocupação, pois se Lula fosse condenado também à prisão preventiva isso facilitaria a vida dos petistas na manutenção da narrativa do "Lula perseguido". Porém, com Lula solto nós é que podemos tomar a dianteira na batalha das narrativas e expor Lula como privilegiado, pois não ter recebido a mesma prisão preventiva que se aplicou sobre vários outros políticos graúdos da Lava Jato.
Em resumo, nós podemos comemorar a sentença sobre Lula ao mesmo tempo em que a compreendemos apenas como "migalhas" diante do que seria o certo: a prisão preventiva junto com a condenação. Com isso, nós temos uma pequena vitória a comemorar, mas agora somos credores de novas ações, especialmente a prisão preventiva. Além disso, temos que exigir a sentença em segunda instância. Até lá, podemos ficar colocando o dedo na ferida.
Ademais, a sentença de Lula serve como um quebra de paradigma, pois hoje o senso comum entendia que há dois cidadãos acima da lei, isto é, que possuem direito à impunidade: Lula e Joesley. Ambos são visualizados pelo povo como pessoas superiores em direitos. Quantas vezes já não ouvimos pessoas questionando se Lula realmente ia ser preso, pois havia a sensação de que ele tinha mais direitos que os demais cidadãos.
Pois bem, a condenação de Lula quebra esse paradigma. Agora sobra apenas Joesley como um brasileiro com direito a total impunidade. Diferentemente de Joesley, Lula frequenta a partir de agora a galeria dos mortais, com o resto do povo brasileiro. Um Lula que pode ser condenado é um cidadão como todos os outros. Este é o fator que torna a sentença de Moro um marco civilizatório.
Se Lula a partir de hoje passa a ser um cidadão como todos nós (menos o Joesley), igualmente ele merece ir para a prisão preventiva como outros cidadãos que cometeram crimes menos graves. Por isso, esse é o começo da luta pela prisão de Lula. Pelo menos agora vemos que ele pode ser atingido pela lei. Basta pressionarmos ainda mais.
mrk | 12 de julho de 2017 às 20:00 | Tags: bolivarianismoLuiz Inácio Lula da Silvamarxismosocialismo | Categorias: Notas | URL: http://wp.me/pUgsw-m8T

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