sábado, 2 de julho de 2016

Sonda Rosetta pousará no cometa 67P

Sonda Rosetta pousará no cometa 67P
Este é o ambiente empoeirado que a Rosetta está enfrentando ao redor do cometa. Esta imagem foi tirada a 20 km da superfície do 67P. [Imagem: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team]
Pouso no cometa
A sonda espacial Rosetta está prestes a cumprir o seu destino, encerrando sua missão em uma descida controlada até "pousar" na superfície do cometa 67P, que ela vem acompanhando desde Agosto de 2014.
O evento final deverá ocorrer no dia 30 de Setembro.
A missão está chegando ao fim principalmente porque a sonda está cada vez mais distante do Sol - indo em direção à órbita de Júpiter - o que está reduzindo cada vez mais a energia que seus painéis solares conseguem gerar para alimentar os instrumentos, com uma consequente redução na largura de banda disponível para transmitir os dados científicos para a Terra.
Além disso, a nave está desgastada depois de ter suportado o ambiente hostil do espaço por mais de 12 anos - a Rosetta foi lançada em 2004 - e, sobretudo, depois de ter passado dois anos recebendo todo o impacto da poeira emanada do cometa.
Dados inéditos
Outras possibilidades foram discutidas. Por exemplo, em 2011 a Rosetta foi colocada em hibernação durante 31 meses na parte mais distante da sua jornada. Mas agora ela está mais distante ainda - mais de 850 milhões de km do Sol - e os técnicos da missão acreditam que não haveria energia suficiente para que os aquecedores da Rosetta fossem capazes de garantir a sobrevivência dos seus instrumentos em outra hibernação.
Assim, em vez de arriscar uma hibernação mais longa da qual ela provavelmente não acordaria, os responsáveis pela missão decidiram que a Rosetta irá aproveitar seus últimos instantes de vida coletando dados na maior proximidade possível do cometa - até literalmente tocar sua superfície. Como ela não foi projetada para pousar, como seu módulo de aterragem Philae, o desfecho final deverá ser sua destruição.
Sonda Rosetta pousará no cometa 67P
Durante sua descida final, a Rosetta obterá imagens de alta resolução da superfície do cometa. Esta imagem foi obtida a 5 km de altitude, tendo uma resolução de 0,13 metro/pixel. [Imagem: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team]
Os momentos finais da descida permitirão que a Rosetta faça medições únicas e capte imagens na mais alta resolução já obtida de um cometa, dinamizando o retorno científico da missão com dados sem precedentes. As comunicações deverão cessar assim que a sonda atinja a superfície do cometa, e as suas operações serão então encerradas.
"Estamos tentando comprimir o máximo de observações possíveis antes que se esgote a energia solar," disse Matt Taylor, cientista da ESA. "O dia 30 de Setembro marcará o fim das operações da nave, mas o início da fase onde o foco total das equipes recairá na ciência. Foi para isso que a missão Rosetta foi lançada, e temos muitos anos de trabalho à nossa frente, através da análise dos seus dados."
Queda suave ou pouso desajeitado
A região alvo para o impacto da Rosetta está ainda em discussão, à medida que os técnicos e cientistas examinam os prós e contras de cada área possível, com várias trajetórias diferentes a serem examinadas.
Em termos gerais, contudo, espera-se que o impacto acontecerá a cerca de 50 cm/s, mais ou menos metade da velocidade de aterragem do Philae em Novembro de 2014. Assim, não será uma queda catastrófica, mas todos os instrumentos serão programados para se desligar no momento do impacto, preenchendo os requisitos de desligamento total da sonda.
Mas nem tudo está garantido, havendo ainda riscos nessa fase final. No mês passado, a sonda entrou em modo seguro quando se encontrava a 5 km do cometa porque a poeira interferiu com seu sistema de navegação. A Rosetta se recuperou, mas a equipe não descarta que isso possa voltar a acontecer conforme ela se aproxime até tocar no cometa.
"Apesar de que faremos o melhor possível para manter até lá a Rosetta em segurança, sabemos por experiência própria de há quase dois anos no cometa que as coisas podem não correr como planejado. Como sempre, temos de estar preparados para o inesperado," disse Patrick Martin, gerente da missão. "Este é o último desafio para as nossas equipes e para a nave, e será a maneira apropriada para terminar a incrível e bem-sucedida missão Rosetta."

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