Faz um bom tempo que admiro o trabalho da ex-muçulmana Ayaan Hirsi Ali, o que não significa que devamos blindá-la de críticas. Na verdade, admirar o trabalho intelectual de alguém inclui criticar possíveis pontos falhos que ali existam, da mesma forma.
Ela é uma ativista, escritora, política e feminista ateísta somali-holandesa-americana, reconhecida por vários pontos de vistas críticos da mutilação genital feminina e o islamismo. Em seu livro "Herege", ela defende uma reforma do islamismo, tal como acontecera com o cristianismo séculos atrás.
Em uma entrevista ao Rubin Report, fez ótimas críticas ao pensamento esquerdista, alinhado com o jihadismo. Infelizmente, sua crítica não foi tão contundente como deveria, em virtude da mania de manifestar a fé cega na crença do oponente.
Tratei do tema inicialmente em meu livro "Liberdade ou Morte" (mais propriamente no final do terceiro capítulo).
Fé cega na crença significa acreditar naquilo que o oponente ideológico diz de si próprio em relação às suas crenças. Por isso, Ayaan diz que "os esquerdistas lutam por justiça, enquanto ela luta por liberdade". Mas na verdade, são os esquerdistas que dizem "lutar por justiça", e a avaliação dos fatos mostra que eles estão mentindo enquanto proferem esta narrativa.
Imagine a situação absurda em que um sujeito é preso após vender um falso bilhete premiado da loteria. Não achamos mentalmente sadio que alguém diga, de forma boçal, que ele "lutava por dar prêmios aos que comprassem seus bilhetes e, infelizmente, não conseguiu ver as pessoas premiadas". Ao contrário, o tratamos como um fraudador iludindo as pessoas com prêmios que ele sabia não existir.
Assim, Ayaan, se não manifestasse fé cega na crença, deveria ter definido a esquerda politicamente correta como "promotora da injustiça", o que é exatamente o oposto de defini-los como "pessoas que acreditam na justiça".
É hora de colocarmos sob um abrasivo e corrosivo escrutínio cético o discurso da fé cega na crença.
Se o fizermos, criaremos uma cultura de mais pessoas com musculatura mental apta a compreender o adversário em sua real vileza, e não de uma forma adocicada, compassiva, paternal e incapaz de prever os próximos passos oponentes.
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