sexta-feira, 8 de julho de 2016

Cunha chorou, mas choremos por nós mesmos

 Edilson Martins

Cunha chorou, mas choremos por nós mesmos

by edilsonrmartins
Cunha e Lula
E Eduardo Cunha chorou.
Há muito não se conhecia um político mergulhado tão profundamente em ambição, frieza e malfeitorias.
Filho legítimo de Collor, Garotinho, e em última instância de Michel Temer, dessa raiz matriz não se podia, vamos imaginar, esperar um grande e ético rebento.
O choro de Cunha, já que dele se dizia não padecer dessa fragilidade humana, terá impactado o país?
Há muito não se conhecia uma figura tão odiada, tão demonizada, e até prova em contrário merecidamente.
Como Deus escreve certo por linhas tortas, ela vai se somar a outra figura polêmica, pelo menos em passado recente, chamada Roberto Jefferson.
Jefferson já disse, num pronunciamento histórico, definitivo, que Eduardo Cunha sempre foi seu “malvado favorito”.
Disse mais; finalmente Lula teria encontrado, para peitá-lo, alguém mais bandido que o próprio ex-presidente.
Os dois, Jefferson e Cunha, não são flores que se possam cheirar impunemente.
E, no entanto, prestaram um bem danado ao país.
Jefferson, ao denunciar o mensalão, do qual era um dos favorecidos, sepultou sua carreira, mas iniciou o processo de ruina do Lulopetismo.
Foi o primeiro tijolo tombado.
Já Cunha defenestrou Dilma e o PT do poder. Não foram pouca coisa.
Conservador, evangélico, nada amante da verdade, acusado de malfeitorias milionárias, enterrou a reforma política autoritária do PT.  Foi decisivo na PEC da bengala. Sem ela o STF hoje seria outro.
Enfim, nessa baixaria entre ele e o PT no poder, quem saiu ganhando, e muito, foi o país.
Estamos nos livrando de duas maldições, vamos supor, nada fáceis de serem dissolvidas; o Lulopetismo, e Cunha com seu batalhão também de seguidores.
Além dos congressistas gratos, alguém mais chorou por Cunha?
O país vai, lenta, demorada e sofridamente, sendo passado a limpo.
Deuses com pés de barro, o populismo tragado pelos tempos, e a emergência de uma geração de procuradores do MPF, juízes de 1ª Instância e uma PF, que tudo somado, conferem orgulho e crença.
Choremos então Cunha, Lula, PT e Dilma? Certamente não merecem choro.
Choremos sim, por nós mesmos, pelo país quebrado, pelos 12 milhões de desempregados, pela educação falida, pela insegurança generalizada, pela recessão, pelo naufrágio das ilusões, choremos, enfim, pelo sepultamento de nossos melhores sonhos.

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