Só gente boa! Os dois ex-maridos de Dilma: Um era sequestrador e o outro era assaltante de bancos
O primeiro marido da presidente Dilma, Cláudio Galeno Linhares, tem um longo passado na luta armada durante os anos da ditadura. Ele quando chegou até a sequestrar um avião e fugir para Cuba.
O casamento com a atual presidenta do Brasil foi apenas um pequeno e curto capítulo na vida dos dois. A biografia oficial de Dilma Rousseff nem chega a citá-lo.
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Porém o jornalista Cláudio Galeno Linhares não se incomoda com esses detalhes da historiografia ao olhar para trás e se lembrar de uma vida bastante agitada, o suficiente para preencher vários volumes.
Foram anos na luta armada, quando chegou a sequestrar um avião da Cruzeiro do Sul junto com outros guerrilheiros em 1970, os vários anos na clandestinidade e passagem por países em plena revolução como Cuba, Bolívia, Chile e Nicarágua, e anos de exílio na Itália e França, para só depois retornar ao Brasil .
Entre um cigarro e outro, em Berna, uma cidade ao leste da capital suíça, sob o sol do verão na varanda de uma casa geminada nos subúrbios da cidade, o jornalista de 72 anos, não se esquivou de falar do seu relacionamento com a presidenta, com quem tem contato próximo até hoje.
– Você começou a militar nessa época?
– Sim, sou um velho militante, eu e o Bakunin (risos). Eu era militante da Polop (n.r.: Organização Revolucionária Marxista Política Operária), um grupo à esquerda do Partido Comunista. A gente fazia aquelas análises sofisticadas em relação ao caráter da revolução brasileira. Tínhamos muita força no meio estudantil, cultural e alguma expressão operária. Após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e logo depois a tentativa de golpe em 1961, houve então a campanha da legalidade, quando nos incorporamos à ideia do Brizola. Em 1964 fui então preso.
– Qual foi o motivo?
– Devido às minhas atividades clandestinas. A gente estava tentando aglutinar essas forças da marinha e do exército no Rio de Janeiro que haviam sido excluídas e expulsas. No meu caso, fui preso em junho de 1964, alguns meses depois do golpe. Primeiramente fiquei preso no porta-avião Minas Gerais. Depois na Ilha das Cobras e então no 1° Distrito Naval.
– E o que ocorreu depois? Quando foi libertado?
– Foi em novembro, graças a um habeas-corpus impetrado pelo advogado Sobral Pinto. Naquele momento a ditadura ainda não tinha fechado o Parlamento e não estava institucionalizada, ou seja, com todas as suas sutilezas, legais ou ilegais. Em dezembro no mesmo ano, uns agentes da marinha bateram na porta de casa. Por sorte não estava e fui para São Paulo. Aí entrei na clandestinidade. Depois, no final de 1966, regressei a Belo Horizonte. Não fui condenado e o processo acabou sendo arquivado. Então voltei a trabalhar para o jornal Última Hora como jornalista.
– Foi nessa época que você conheceu a atual presidenta Dilma Rousseff? Li que vocês começaram a namorar assistindo um filme do Fellini…
– Sim, ela era militante do movimento estudantil. Não me lembro mais, mas é possível que tenha começado no cinema (risos). A gente frequentava muito o CEC, o Centro de Estudos Cinematográficos, em Belo Horizonte. Era um lugar onde passavam bastantes mostras temáticas como as do Fellini, a Nouvelle Vagefrancesa e até mesmo filmes japoneses, indianos, poloneses e outros. Coincidentemente, os grupos que frequentavam esse lugar eram de oposição à ditadura.
– E por que você e a Dilma decidiram casar? Era o sonho, afinal, de ter uma vida normal, burguesa?
– A gente se casou como se casa todo mundo: se apaixona, namora e pronto. Mas a minha geração já tinha rompido com essas tradições conservadoras de Belo Horizonte.
– Na época você tinha 25 anos e ela, 19. Você seria o teórico e ela a militante que seguia mais suas emoções?
– Não. Eu era apenas um militante a mais. Nós debatíamos muito. Eu era o mais velho daquele grupo de jovens, do qual fazia também parte o Fernando Pimentel, atual candidato ao governo de Minas Gerais. Como eu já tinha sido preso, talvez fosse como uma espécie de ficha marcada no movimento político da cidade.
– Porém a luta armada de esquerda no Brasil acabou fracassando. Por que ela mobilizou tão poucos brasileiros?
– Não conseguimos, de fato, mobilizar as pessoas. Éramos uma força muito pequena. Essa é a autocrítica que faço. O problema não foi ter faltado a linguagem, mas sim a força política. Éramos uma vanguarda, que desbravava e chegava a ter sucesso em outros países, mas no Brasil acabou não funcionando. Deu errado. Avaliamos mal a correlação de forças, politica e militarmente. Pelos menos, do ponto de vista político, chegamos a sensibilizar a opinião pública e levar a denúncia ao mundo.
– E quando foi que você e outras pessoas sequestraram o avião 114 da Cruzeiro do Sul em 1° de janeiro de 1970?
– Na época, não parecíamos para eles como terroristas. Éramos jovens, pessoas normais e que lhes trataram muito bem, pois não tínhamos nada contra eles. Meu pai, que era um homem muito conservador – não podendo ser considerado alguém de esquerda e que não apoiava essa ação – fez uma declaração, que me impactou na época, dizendo “não, ele está lutando; ele não é um terrorista, bandido”. Eu não fico tocando nesse assunto, pois são coisas que passaram.
– O que os motivou?
– Tinha um grupo, do qual fazia parte o Fausto Machado Freire, que havia sido preso na época, mas nenhum órgão da repressão reconhecia essa prisão. Nossa principal exigência era o reconhecimento, por parte da ditadura, de que essas pessoas estavam presas e sendo torturadas e que fosse permitida a visita a eles de membros da família e advogados.
– Durante esse tempo você manteve contato com a Dilma?
– Ao sair da prisão, ela veio nos visitar na França. Na época já estava casada com o Carlos Araújo, que também é um grande amigo da família. Nosso contato é tão forte que as nossas filhas a chamam até hoje de tia Dilma. Somos avessos às convenções tradicionais. A esquerda não é tão apegada a essas coisas e por isso nosso relacionamento ainda é bastante forte.
– Você tem contato com a presidenta Dilma? Falam de política?
– Eu estive em 2011 em Brasília para prestigiar a posse de Dilma na Presidência. Vez ou outra nos falamos, mas não muito, pois ela nem tem tempo. São tantos amigos que, se todos pedissem uma audiência, ela não faria mais nada (risos).
– Se você pudesse conversar com ela sobre algo que, a seu ver, deveria ser feito absolutamente no Brasil, o que seria?
– A reforma política. É um tema muito complexo, que envolveria financiamento de partidos, a fidelidade partidária, o sistema de voto, da representatividade no Congresso e outros.
Alexander Thoele é jornalista na agência suíça de notícias Swissinfo.
O SEGUNDO MARIDO
Ex-marido de Dilma: “A gente assaltava bancos e roubava quartéis para pegar armas. Era muito romântico”
Segundo Araújo, o grupo praticou assaltos a banco, roubos de caminhões de carne, além de “ações em quarteis” para “pegar armas”.
O ex-guerrilheiro não admitiu as intenções “comunistas” da agremiação, restringindo-se a afirmar que se tratou de “uma luta do povo brasileiro contra a ditadura”. Qual é a sua opinião a respeito?
Ex-marido de Dilma Rousseff, Carlos F. Pauxão Araujo, é ex-comandante do grupo revolucionário terrorista VAR (Vanguarda Armada Revolucionária) – Palmares – o qual utilizou táticas de luta armada tradicionais, além de “justiçamentos” e atentados a bomba -, que objetivava implantar uma ditadura do proletariado no Brasil, admitiu, em vídeo, crimes cometidos pelo grupo, o qual era integrado pela atual presidente da República. Assista abaixo:
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