quinta-feira, 7 de novembro de 2013

MARACUTAIA DAS GRANDES COM DIREITO À CENSURA NA MÍDIA.

Luisa Mell
Passada a emoção, fiz uma análise dos verdadeiros motivos do fechamento espontâneo do Royal, na minha opinião. Em primeiro lugar, a nota de fechamento é sensacionalista e mentirosa, atribuindo a culpa aos ativistas quando os reais motivos parecem ser políticos. Vamos aos fatos:

Dúvida 1: Silvia Ortiz afirmou em rede nacional que o instituto possuía todas as licenças para funcionar. Descobriu-se depois que o CONCEA, órgão que regulamenta experimentação animal no Brasil, apenas deu autorização em 29/08/2013, após começarem as denúncias, logo, tudo feito com animais ali anteriormente, foi contra a lei. Misteriosamente, o Dr. Marcelo Morales saiu do CONCEA na semana passada (depois de dizer que estava na China) e não faz mais parte do órgão, sem alarde ou nenhuma nota da imprensa. Coincidência?

Dúvida 2: desenvolvia-se ali estudos sobre câncer e outras doenças. Apesar das inúmeras insistências de ativistas e jornalistas, nenhum documento comprobatório foi apresentado pelo Instituto mostrando que haviam pesquisas farmacêuticas sérias ali. Além disso, nem a Dra. Silvia Ortiz nem o Instituto Royal são conhecidos pelo IARC, organização internacional de compartilhamento de conhecimentos sobre o câncer, órgão ligado a Organização Mundial da Saúde que auxilia e monitora pesquisas sérias sobre o assunto em todo o mundo.

Dúvida 3: não se fazia experimentos com cosméticos, agrotóxicos ou produtos de limpeza. Um documento do Inmetro aponta que “é possível observar que o Instituto Royal ministrava agrotóxicos, produtos cosméticos e produtos químicos em cães da raça beagle, coelhos e camundongos. Estes produtos eram ministrados na pele e nos olhos dos animais que também eram obrigados a ingerir doses de agrotóxicos, produtos cosméticos e produtos químicos, além de outros componentes”, segundo nota emitida por Fábio Chaves.

Dúvida 4: o Instituto havia sido fiscalizado e tudo estava regular. Soubemos que a pessoa nomeada para fiscalizar o instituto pela Prefeitura de São Roque, Solange Cestero Rodriguez, assinava laudos de pesquisas para o Instituto, o que tudo leva a crer que ela era funcionária do Royal. Espera? Uma funcionária nomeada pelo Poder Público para fiscalizar o próprio empregador? Não houve nem isenção nem imparcialidade na análise e liberação de funcionamento do Royal. Para piorar, como o Promotor local, o Sr. Wilson Velasco Junior, que disse ter passado um ano investigando o Instituto, não conseguiu se atentar a um fato tão simples e que os ativistas perceberam em uma semana? Novamente, imparcialidade?

Dúvida 5: o Instituto, que possuía licença para canil, não comercializava cães. Dezenas de recibos de venda de cães para dentistas e universidades públicas (cadê as licitações?), vazaram na rede. Transações sobre as quais não se recolheu impostos, aparentemente. Em outras palavras o Instituto Royal vendia centenas de cães para que os mesmos fossem utilizados por Universidades e dentistas para suas experiências, muitos com o maxilar arrebentado estrategicamente “em nome da ciência”.

Dúvida 6: os cães não sofriam maus tratos. Existem dezenas de laudos assinados pelo próprio instituto mostrando cães contaminados com Giardia, que é transmitida ou por água contaminada ou por fezes, o que leva a crer que os cães viviam no meio de suas fezes e até as comiam de tanta fome eventualmente. Além disso, a tese de pós-graduação da Simone Oliveira de Castro, conduzida dentro do Royal, atesta o estresse dos cães ali dentro e o prejuízo para a saúde dos mesmos causados pelas experiências as quais eram submetidos.

Dúvida 7: nenhum cão era sacrificado em vão. Como denunciado, a mesma candidata a pós-graduação, Simone Oliveira de Castro, utilizou as instalações do Instituto e sacrificou 38 filhotes apenas para obter seu título de pós-graduada pela USP. Sua tese, produzida em uma Universidade Pública e com dinheiro público, misteriosamente sumiu da base de teses digitais da USP, tornando a morte dos filhotes mais em vão ainda pelo ocultamento do possível conhecimento gerado.

A questão do repasse irregular de mais de R$ 7 milhões para uma entidade que não tinha licença do CONCEA ao Instituto é outro ponto interessante. Será que o buraco de desvio de dinheiro público era tão grande que chegou em Brasília e ameaçou envolver políticos e empresários que então, para evitar uma investigação mais séria que pudesse compromete-los, acharam melhor fechar o Instituto para acabar com a polêmica? Fica mais uma dúvida.

Após tudo isso, dá para acreditar que a decisão de fechar foi realmente por causa dos ativistas ou porque a sujeira é enorme? Me parece também que a "Dra" Silvia Ortiz não possui doutorado e estava com cadastro irregular no seu conselho de classe (biologia).

Por último, a imprensa, que tanto defendeu o Instituto após a invasão, calou-se nas últimas semanas, mudando totalmente a postura e resumindo-se apenas a noticiar fatos. Será que eles perceberam que exageraram e precipitaram-se na defesa do Royal? Cade a Veja, a Época, a Folha e a Globo discutindo as questões acima?

Muitas e muitas perguntas sem resposta.

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