Maioria dos exoplanetas habitáveis pode não ter terra seca
Com informações da RAS - 28/04/2017
A NASA está desenvolvendo tecnologias para explorar oceanos gelados nas luas de Saturno e Júpiter, como Titã, Encélado e Europa.[Imagem: NASA]
Terra seca
Se você se decidir a sair pela galáxia explorando exoplanetas, ou mesmo semear vida em outros planetas, pode ser uma boa ideia levar consigo um snorkel.
Usando um modelo estatístico sobre o que sabemos da Terra e o pouco que sabemos dos exoplanetas, um astrofísico calculou que a maioria dos planetas habitáveis - na zona habitável de suas estrelas - é provavelmente dominada por oceanos, que abrangeriam mais de 90% da superfície.
Mais especificamente, Fergus Simpson, do Instituto de Ciências Cósmicas da Universidade de Barcelona, na Espanha, construiu um modelo estatístico - baseado na probabilidade bayesiana - para prever a divisão entre terra e água em exoplanetas habitáveis.
Para testar seu modelo estatístico, Simpson levou em conta mecanismos de retroalimentação, como o ciclo de águas subterrâneas, e processos de erosão e deposição. Ele também propõe uma aproximação estatística para determinar a diminuição da área de terra habitável para planetas com oceanos menores, conforme eles se tornam cada vez mais dominados por desertos.
Curiosamente, os resultados mostram que, para a maioria dos exoplanetas, virtualmente é tudo oceano, não sobrando muito lugar para terra seca, onde a vida pudesse se desenvolver da forma como a conhecemos. Mas o próprio pesquisador concorda que isso não necessariamente precisar ser assim.
Princípio antrópico
Para que a superfície de um planeta possua áreas de terra e de água, é necessário um delicado equilíbrio entre o volume de água que o planeta retém ao longo do tempo e o espaço que ele tem para armazená-la em suas bacias oceânicas, o que por sua vez depende de seu relevo.
Ambas as quantidades podem variar substancialmente no espectro de mundos que suportam água. Por que os valores da Terra são tão bem equilibrados é um enigma não resolvido - a própria Terra está muito perto de ser um chamado "mundo de água", um mundo onde toda a terra está imersa sob um único oceano.
"Um cenário no qual a Terra contenha menos água do que a maioria dos outros planetas habitáveis seria consistente com os resultados das simulações e poderia ajudar a explicar por que alguns exoplanetas [conhecidos] são um pouco menos densos do que esperávamos," explica Simpson.
Ele acredita que os oceanos finamente equilibrados da Terra podem ser uma consequência do princípio antrópico - mais frequentemente usado em um contexto cosmológico -, que propõe que nossas observações do Universo são condicionadas pelas próprias exigências para a formação e existência da vida senciente.
"Com base na cobertura oceânica da Terra, de 71%, encontramos evidências substanciais que suportam a hipótese de que os efeitos da seleção antrópica estão funcionando.
"Nossa compreensão do desenvolvimento da vida pode estar longe de estar completa, mas não é tão terrível que devamos aderir à aproximação convencional de que todos os planetas habitáveis têm uma chance igual de hospedar vida inteligente," concluiu o pesquisador.
Bibliografia:
Bayesian evidence for the prevalence of waterworlds
Fergus Simpson
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Vol.: 468 (3): 2803-2815
DOI: 10.1093/mnras/stx516
Bayesian evidence for the prevalence of waterworlds
Fergus Simpson
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Vol.: 468 (3): 2803-2815
DOI: 10.1093/mnras/stx516
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