quarta-feira, 2 de março de 2016

Guerra política: como Cunha virou “o rei da manobra”?

Ceticismo Político

Guerra política: como Cunha virou “o rei da manobra”?

by lucianohenrique
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Uma matéria metida a engraçadinha do UOL se dispõe a resolver uma questão: "como Eduardo Cunha se tornou 'o rei da manobra' no Congresso?". Embora o presidente da câmara não seja flor que se cheire, esta é mais uma matéria com cheiro de embuste.
Segundo o UOL, Cunha "utiliza o regimento interno da Casa para favorecer suas posições políticas e a estratégia de defesa adotada no processo que tramita contra ele no Conselho de Ética da Câmara".
Um dos maiores especialistas no regimento interno da Câmara, Mozart Vianna, diz: "Para alguém que não tem formação em direito, ele surpreende. Naquela época (em que Cunha era líder do PMDB), as pessoas me falavam que ele levava coisas para estudar em casa durante a noite. Ele mostrava um grande domínio das normais regimentais. Discutia, debatia de igual para igual com qualquer um sobre as normas regimentais".
Vianna afirma: "Além de relatar algumas matérias da área econômica, ele também estudava muito para dar a orientação à bancada sobre outros projetos de lei. Quando ele dava uma orientação, a gente via que ele tinha estudado o assunto profundamente".
Sílvio Silva, atual secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara, lembra: "Já vi muitos presidentes bons nesse assunto, mas como o Cunha, não vi nenhum. Ele conhece todos os atalhos que o regimento dá".
Um trecho da matéria assevera:
Advogados que já tiveram atuação próxima ao deputado dizem que o conhecimento jurídico dele, de fato, impressiona. Segundo um deles, foi Cunha que formulou a tese de que por ser o terceiro na linha sucessória da Presidência da República, ele não poderia ser processado por atos supostamente praticados em mandatos anteriores. A ideia foi utilizada na defesa de Cunha à denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o parlamentar no STF. Ele é suspeito de ter recebido propina do esquema investigado pela Operação Lava Jato.
Mesmo sentindo-se à vontade o suficiente para sugerir teses à sua própria defesa, Cunha, segundo um advogado ouvido pela reportagem do UOL, mostra disposição a aprender. "Quando é uma questão do regimento interno, ele diz: 'É isso!'. Mas quando é uma dúvida em relação a uma lei, ele pergunta: e esse artigo?", diz um advogado.
Na disputa com os advogados sobre qual a melhor estratégia jurídica para defendê-lo, a determinação de Cunha em afirmar seus pontos de vista é difícil de ser vencida. "Procuramos dar forma jurídica [à ideia de Cunha] para fazer o pedido.  Até porque, imagina se a gente não usa o que ele diz e depois perde na Justiça?"
Seus opositores, como Chico Alencar (PSOL-RJ) e Júlio Delgado (PSB-MG), afirmam que a questão não é competência, mas "poder político". Alencar diz: "Ele conhece o regimento como qualquer um de nós. O que ele tem é poder político. Conhecer o regimento e não ter poder político não adianta nada. Ele só consegue fazer o que faz porque ainda tem um grupo que lhe dá suporte". Delgado vai pela mesma linha: "Ele não tem nada de gênio. O que ele faz é usar o seu poder político para se defender. Conhecer o regimento não faz dele um mago. O problema é ele usar isso para se beneficiar".
Na verdade, isto tudo se resolve pela análise do óbvio: se Cunha é conhecido como "rei da manobra" não é por ter maior conhecimento do regimento e nem por ter "poder político usado em seu benefício". Ao menos não em comparação com seus próprios acusadores Chico Alencar e Júlio Delgado.
A diferença que faz toda a diferença é esta: como jogador político, Eduardo Cunha é fraco. Assim, vemos que ele é incapaz de rotular seus oponentes na mesma proporção em que seus oponentes - especialmente os da extrema-esquerda - lançam sobre ele as rotulagens mais cavernosas. A política é decidida em dois controles: (1) fluxo de informações, (2) narrativa.
O PT conta com o apoio de uma mídia bancada por verbas estatais - que inclui a BLOSTA - e ainda possui muita gente bancada por Lei Rouanet - e verbas diversas do MinC -, além de diversas outras formas de financiamento estatal de campanhas em estilo bolivariano. Ou seja, utilizam dinheiro estatal para ter campanha à vontade. Isso já garante um melhor controle do fluxo de informações.
O controle da narrativa é baseado na "criação de instintos" para saber rotular seu oponente em maior quantidade. Logo, basta rotular Eduardo Cunha de "rei da manobra" - enquanto ele é uma pulga da manobra perto de elefantes como Dilma e Renan - em volume e velocidade muito maior. Enquanto isso, Cunha sempre se limitou a ficar na defensiva.
Logo, Cunha ficou conhecido como "rei da manobra" unicamente pelo fato de o PT ter controlado o fluxo de informações e, efetivamente, controlado a narrativa. Ou, melhor, o frame. O tal "rei da manobra" é, portanto, uma enorme decepção na guerra política. Isto decidiu o jogo e sedimentou o rótulo pelo qual ele ficou conhecido.
lucianohenrique | 1 de março de 2016 às 11:43 pm | Tags: eduardo cunhaguerra políticajogos políticosmarxismopetralhasPMDBPT,socialismo | Categorias: Outros | URL: http://wp.me/pUgsw-c8W

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