sábado, 17 de março de 2018

Lua pode ter nascido de chuvas de rocha em uma sinestia Redação do Site Inovação Tecnológica

Lua pode ter nascido de chuvas de rocha em uma sinestia

Lua pode ter nascido de chuvas de rocha de uma sinestia
hipótese mais aceita para a formação da Lua tem vários pontos questionáveis.[Imagem: NASA/JPL-Caltech]
Modelo para formação da Lua
Os cientistas não têm tido boas ideias quando se trata de explicar como a Lua surgiu. E, por falta de ideias melhores, eles têm-se virado com um modelo que afirma que um hipotético planeta Teia (ou Theia) chocou-se com uma "proto-Terra" e formou nosso satélite.
É uma história boa, mas provavelmente está errada, afirma uma equipe da Universidade de Harvard, nos EUA.
"Obter massa suficiente em órbita no cenário canônico [a hipótese do grande impacto de Teia] é realmente muito difícil, e há uma faixa muito estreita de colisões que podem ser capazes de gerá-la. Há apenas uma janela de dois graus de ângulo de impacto e uma gama muito estreita de tamanhos. E mesmo assim, alguns impactos não funcionam," explica o professor Simon Lock.
Acrescente-se a isso o fato de que testes experimentais mostram que a "impressão digital" isotópica tanto da Terra quanto da Lua é quase idêntica, sugerindo que ambos vieram da mesma fonte. Mas, no modelo do impacto de Teia, a Lua formou-se principalmente dos restos de apenas um dos dois corpos que teriam colidido. E ninguém tem pistas de para onde foi o restante do planeta colisor.
Além disso, assim como as semelhanças entre a Terra e a Lua, também as suas diferenças levantam questões sobre o modelo mais aceito para a criação da Lua.
Por exemplo, os experimentos também mostram que a Lua é muito menos abundante em vários elementos voláteis - como potássio, sódio e cobre - que são relativamente comuns na Terra.
Chuvas de rocha derretida
A equipe de Harvard então está propondo agora um novo modelo para explicar o nascimento da Lua e contornar alguns desses questionamentos.
O cenário ainda começa com uma colisão de proporções cósmicas, mas, em vez de criar um disco de material rochoso, o impacto cria uma sinestia, um tipo raro de corpo celeste só recentemente descrito.
A sinestia seria um enorme redemoinho de matéria, em forma de anel, onde giram rochas quentes e vaporizadas, formado quando dois objetos de tamanho planetário se chocam.
Lua pode ter nascido de chuvas de rocha de uma sinestia
sinestia é um tipo de corpo celeste apenas teorizado, mas nunca visto. [Imagem: Simon Lock/Sarah Stewart]
"Ela é gigantesca. Pode ter dez vezes o tamanho da Terra e, como há tanta energia na colisão, talvez 10% das rochas da Terra estejam vaporizadas, e o resto é líquido... de modo que a formação da Lua a partir de uma sinestia é muito diferente," disse Lock.
Tudo começaria com uma "semente" - uma pequena quantidade de rocha líquida que se junta no centro da estrutura em formato de anel. À medida que a sinestia esfria, a rocha vaporizada se condensa e chove em direção ao centro da estrutura. Uma parte da chuva de rochas flui para a nascente Lua, fazendo com que ela cresça.
"A taxa de queda de chuva é cerca de dez vezes a de um furacão na Terra," calcula Lock. "Ao longo do tempo, toda a estrutura encolhe e a Lua emerge do vapor. Eventualmente, toda a sinestia condensa e o que resta é uma bola de rocha líquida giratória que eventualmente forma a Terra como a conhecemos hoje."
Em outras palavras, a Lua seria mais antiga do que a Terra. Todo o processo ocorreria notavelmente rápido, com a Lua emergindo da sinestia em apenas algumas dezenas de anos e a Terra formando-se cerca de 1.000 anos depois.
Dúvidas permanecem
Como, nesse modelo, tanto a Terra como a Lua são criadas a partir da mesma nuvem de rocha vaporizada, elas compartilham naturalmente impressões digitais isotópicas semelhantes. Por sua vez, a falta de elementos voláteis na Lua poderia ser explicada pelo fato de que a Lua se forma cercada por uma atmosfera de vapor com temperaturas entre 2.200 e 3.300º C.
A equipe concorda que o modelo ainda é básico, levantando suas próprias questões.
"Por exemplo, quando a Lua está nesse vapor, o que ela fez com esse vapor? Como isso a influenciou? Como o vapor flui para além da Lua? Estas são todas coisas que precisamos voltar e examinar com mais detalhes," disse Lock.
Mais do que isso, será necessário comprovar que sinestias realmente existem. A propósito, o conceito desse tipo de corpo celeste hipotético é uma proposta teórica feita por esta mesma equipe há cerca de dois anos.

Bibliografia:

The origin of the Moon within a terrestrial synestia
Simon J. Lock, Sarah T. Stewart, Michail I. Petaev, Zoe M. Leinhardt, Mia T. Mace, Stein B. Jacobsen, Matija Cuk
Journal of Geophysical Research - Planets
DOI: 10.1002/2017je005333

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