por Felipe Moura Brasil
Confira a versão em podcast.
A defesa de Michel Temer, inicialmente, pediu afastamento de Rodrigo Janot.
A defesa de Aécio Neves pediu afastamento de Edson Fachin.
A defesa de Lula pediu afastamento de Sérgio Moro.
A defesa de Aldemir Bendine imitou a defesa de Lula.
Cada investigado – peemedebista, tucano ou petista – atribui a seus denunciadores ou julgadores um caráter persecutório.
Desde a semana passada, no entanto, quando o "pacto de sangue" de Lula com a Odebrecht foi revelado em depoimento a Moro, ficaram as perguntas:
– Quem vai pedir a “suspeição” de Antonio Palocci?
– Quem vai alegar que ele não é “o competente” para dar testemunho?
– Quem vai acusá-lo de decisão “monocrática”?
O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil é "companheiro há 30 anos" de Lula, como o próprio Lula havia afirmado no Twitter.
O máximo que se pode argumentar contra Palocci, no padrão dos pedidos de afastamento feitos por investigados, é que ele “extrapola a normal conduta de um membro” do PT, pois rompe a omertà – o silêncio mafioso mantido na cadeia por petistas históricos como José Dirceu e João Vaccari Neto.
Mas isto só potencializa a força inédita de seu depoimento, que levou as linhas auxiliares do PT a começarem a pular do barco de Lula e avaliarem o lançamento de candidaturas próprias para 2018.
Se “um é pouco, dois é bom, três é demais”, para a esquerda “um” foi Marcelo Odebrecht, “dois” foi Feira (João Santana e Mônica Moura), “três” foi Palocci.
Até Ciro Gomes, que defendeu Lula da condução coercitiva, da divulgação da conversa com Dilma sobre o “termo de posse” e da condenação no caso do triplex, teve de admitir que o depoimento “fere o centro da narrativa de Lula e do PT, de que há um inimigo externo ao PT promovendo, via judicial, uma perseguição injusta contra o presidente. Na medida em que um braço direito de Lula faz isso, fica difícil sustentar a narrativa” – até então ecoada por Ciro.
Tão difícil que o PT reduziu de 100 mil (no primeiro interrogatório de Moro com Lula) para 2.500 (no segundo) a previsão de militantes nas ruas de Curitiba, com o objetivo evidente de evitar uma nova impressão geral de fiasco.
Claro que não conseguiu.
A bomba do insuspeito Palocci explodiu Lula e despedaçou a esquerda nacional.
felipemb@oantagonista.com
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