segunda-feira, 10 de julho de 2017

O problema não são os “erros” de Janot mas seu acertos obscuros por mrk

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O problema não são os “erros” de Janot mas seu acertos obscuros

por mrk
Um dos maiores flagelos do debate político é o paternalismo, modelo de pensamento que trata como "erros" os acertos perversos cometidos por gente abjeta. Na direita, este modelo de pensamento é tão pervasivo que muitos possuem mentes colapsadas ao tratar o socialismo.
Na esquerda, por outro lado, o paternalismo dificilmente é manifestação de uma crença real, mas apenas uma simulação cínica e sonsa para esconder o mal. É o caso da comunista Miriam Leitão, colunista de O Globo, que lança um dos textos mais caradura dos últimos tempos para reclamar de um "erro" do PGR Rodrigo Janot.
Miriam escreve: "Quanto mais o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tenta explicar os termos do acordo da delação de Joesley e Wesley, mais fica inexplicável. A frase de Janot 'eles aceitavam negociar tudo menos a imunidade' mostra uma rendição. Ele poderia ter endurecido na mesa de negociação. O céu para um criminoso é a imunidade penal. Os Batista pediram o céu e lhes foi dado".
Ela comenta que Janot poderia ter recusado o acordo: "Ora, cabia ao procurador-geral lembrar-lhes que se não colaborassem eles teriam um destino bem mais duro, mais dia, menos dia. Estavam em curso quatro investigações contra a JBS. Joesley tinha medo delas. Seu pavor era acordar numa manhã com a polícia em sua casa. Por isso preparou sua isca, a gravação do presidente da República. Com ela foi, junto com o irmão, ao procurador-geral. Os dois pediram o máximo, exatamente porque é assim que se faz numa negociação. Janot ficou tão atraído pelo que eles tinham a entregar que se rendeu. Se tivesse endurecido, eles recuariam. Acabariam colaborando em termos mais aceitáveis para o país. 'Eles aceitavam negociar tudo, menos a imunidade.' Tudo o quê? Depois da imunidade, nada recairá sobre eles. A ideia de que 'eles continuariam na atividade ilícita que sempre tiveram' demonstra falta de confiança no próprio Ministério Público, como se a única prova possível fosse aquela oferecida na delação".
Miriam desmascara a narrativa de Janot de que ele teria feito |“uma escolha de Sofia”. Isso é falso, pois " Sofia não tinha saída boa na escolha entre a morte de um dos dois filhos. Mas Janot tinha uma terceira opção: endurecer na negociação, conseguir uma colaboração justa para a sociedade brasileira, em que os criminosos tivessem vantagens, redução de penas, mas não a imunidade, e ele teria os elementos para apurar os crimes de altas autoridades. Faltou a ele frieza e firmeza na negociação. Faltou lembrar que ninguém pode se colocar acima da lei ou fora do seu alcance".
A conclusão de Miriam é óbvia: "O que os empresários poderiam fazer caso Janot dissesse que não aceitaria negociar a esse preço? Iriam para a casa, esperar a manhã em que a Polícia Federal bateria em sua porta com uma ordem de prisão, em alguma das quatro investigações em curso? Não. Eles aceitariam entregar o material por menos, porque tinham muito a perder. O destino de Marcelo Odebrecht era o que mais temiam".
Por fim, aqui está o paternalismo dissimulado de Miriam: "Janot, ao aceitar dar aos irmãos tudo o que pediram, atingiu a alma da Lava-Jato. O que construiu o forte apoio da opinião pública à operação é o combate à impunidade, ou, como prefere o procurador: 'Pau que dá em Chico dá em Francisco'. Mas ele poupou os Batista. Esse foi o erro de Janot".
A pergunta é: quem diz que Rodrigo Janot está preocupado com o futuro da Lava Jato? É preciso de uma ingenuidade infantil (ou má-fé doentia) para acreditar nessa hipótese.
No fundo, Janot fez o acordo de impunidade com a JBS porque quis. Com isso, ele intencionalmente atingiu a operação, talvez até mortalmente. Mas o que importa é o acordão feito com a JBS, que permitiu que os petistas - que o nomearam para o cargo de PGR - se safassem. Da delação de Joesley, não há um petista sequer preso. No máximo Guido Mantega pode ser sacrificado, mas ninguém há de esperar ver Lula e Dilma preso.
Para Janot, quer cenário melhor que esse? Só se for isso em dobro. E ele ainda pode acabar derrubando um inimigo daqueles que o nomearam. Na visão dele e de seus nomeadores, isso é algo merecedor de nota 10.
Em suma, o problema não são os "erros" de Janot, mas os acordos obscuros fechados com ele.
mrk | 10 de julho de 2017 às 19:42 | Tags: Destaqueextrema esquerdamarxismomíriam leitãorodrigo janotsocialismo | Categorias: Notas | URL: http://wp.me/pUgsw-m65

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