por Felipe Moura Brasil
O juiz federal Sérgio Moro absolveu a mulher de Eduardo Cunha, Cláudia Cruz, e a mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, por falta de provas suficientes para condená-las nos respectivos processos.
A palavra “suficientes” na sentença faz a coleta de provas parecer uma barra de download que travou em 95%, sem completar a transferência.
Se a barra de Lula realmente atingiu os 100% no caso do tríplex do Guarujá, caberá a Moro decidir, mas, como Lula diz não haver provas, que dirá “suficientes”, não tem motivo para temer que Moro faça com ele o que fez com Cabral, condenado a 14 anos e dois meses de prisão.
O coração de Moro é generoso, Lula.
Só não chega ao nível da 2ª Turma do STF, que mandou soltar José Dirceu, depois de José Carlos Bumlai e João Carlos Genu.
Na ocasião, derrotando Edson Fachin e Celso de Mello, votaram pela libertação de Dirceu:
– Gilmar Mendes, que também mandou soltar Eike Batista e ainda comandou a absolvição da chapa Dilma-Temer no TSE (apesar dos, digamos, 5.000% de download concluído de provas);
– Dias Toffoli, que também mandou soltar o petista Paulo Bernardo;
– e Ricardo Lewandowski, que fatiou a votação do impeachment para salvar os direitos políticos de Dilma Rousseff.
Só gente boa.
Perto dessa 2ª Turma, a Primeira virou até parâmetro de rigor.
Derrotando Marco Aurélio Mello e o tucano Alexandre de Moraes, votaram pela manutenção da prisão de Andréa Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG):
– Luís Roberto Barroso, que também rejeitou a suspensão de inquérito contra Michel Temer;
– Luiz Fux, que também foi voto vencido pela cassação da chapa Dilma-Temer;
– e Rosa Weber, idem.
Andréa Neves pediu ao empresário Joesley Batista R$ 2 milhões, depois repassados em malas de dinheiro a um primo de Aécio. Dirceu arquitetou o mensalão e parte do petrolão.
Se é constrangedor que Andréa se passe por mais perigosa à sociedade que Dirceu, isto é menos culpa da 1ª Turma que a manteve presa durante as investigações do que da 2ª, que o libertou.
Já Aécio, com tantos inquéritos contra si, caiu nas duas turmas.
A 1ª analisará no dia 20 o pedido da PGR pela sua prisão, para evitar que ele atrapalhe as investigações relativas à JBS; e Lewandowski, da 2ª Turma, será o relator do inquérito contra o tucano e mais três aliados, para apurar repasse de R$ 6 milhões em vantagens indevidas da Odebrecht ao seu grupo político nas eleições de 2014.
Para Aécio, talvez fosse melhor o contrário.
De qualquer modo, PSDB e PMDB se articulam para barrar na Câmara o avanço das denúncias contra seus caciques. “O que existe é um acordo espúrio com Temer em troca de um apoio ao Aécio”, como disse o agora ex-tucano Miguel Reale Jr. “Isso é inadmissível.”
Perto da autoproteção da ORCRIM, a generosidade de Moro é só licença poética. Essa gente tira o Brasil da tomada, antes ou depois do download completo.
felipemb@oantagonista.com
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