terça-feira, 25 de outubro de 2016

Paixões – monólogo de um cínico

Edilson Martins

Paixões – monólogo de um cínico

by edilsonrmartins
rosemay-noronha-2
Eu e minha esposa temos 26 anos de casados, 3 filhos, e dois netos.
 O desejo ainda viceja, e muito, até porque ela vive ameaçando me trair. Sem essa ameaça talvez o desejo já tivesse fraquejado, derretido.
Ah, mas existem as mulheres-bombas! Superam os motoristas de celebridades, as secretárias, na arte da delação não premiada.
Havia, desde algum tempo, duas, no pedaço, mas caladinhas.
Uma acaba de detonar seu míssil.
Aqui, neste texto, não se perseguem as razões éticas; se o fez por ressentimento, por mau-caratismo, venalidade.
No caso, Miriam Dutra. Alvo do disparo: FHC.
Mas há outra de não menor teor de estragos, quase uma minibomba-atômica.
Estamos falando de Rosemary Noronha, amiga muito próxima, é de domínio público, do ex-presidente Lula.
Até quando ela vai segurar a peteca, ninguém sabe.  Está no limite, é o que dizem os que privam de sua convivência.
E, no entanto, a reflexão, aqui é outra.
Orestes Quércia e Fernando Collor, duas insignes celebridades, pularam a cerca fora do casamento, mas assumiram os seus rebentos.
Há quem se recorde da paixão arrasa-quarteirão entre a ministra da Fazenda, Zélia Cardoso, e o então ministro da Justiça, Bernardo Cabral, casado, os dois dançando, num baile da Corte, em Brasília, rosto com rosto, coladinhos, sob os acordes melosos de “Besame Mucho”?
Não é segredo que até hoje Renan Calheiros, presidente do Senado, responde a um processo no STF por ter tido uma filha com a jornalista Mônica Veloso.
O diabo da moça era tão estonteante que terminou nas páginas da Playboy, posando, devidamente nua.
E, no entanto, essas recaídas de garanhão, não são desvios, psicopatia do homem brasileiro. Se fosse até que poderia ter cura.
Se somos capazes, dizem os pastores evangélicos, de curar a homossexualidade, porque não teríamos vacinas e tratamentos contra os dons Juans?
Durante 14 anos Miterrand presidiu a França, e durante todo esse tempo a imprensa francesa ficou de bico calado diante de uma explosiva paixão amorosa, fora do casamento, vivida pelo grande estadista.
Bem, não vamos falar de Getúlio, Jânio, Kennedy, nem mesmo do Papa João Paulo II, no momento patrulhado pela amizade com uma mulher casada.
Estou chovendo no molhado; se é paixão, tem que ser fora do casamento. Tem sido assim desde o Brasil Colônia. Duvidam? Leiam Mary Del Priore.
O casamento é uma instituição oficializada, pelo estado e pela igreja, portanto não cabe nele o transgressor, a paixão.
Ora, ora por quem sois; só é paixão porque é transgressora, interditada, proibida, amaldiçoada.
Portanto, a pulada de muro, vamos chamar o adultério, é a cereja do bolo dos casamentos bem sucedidos, aprovados pela sociedade, pela família, pela igreja e até pelo patrão.
Nada é mais sedutor na vida que o prazer. Até porque a vida é dor, sofrimento, injustiça.
A felicidade não passa de instantes, por sinal, fugidios…
Duas alavancas sustentam o homem, em sua longa caminhada; sobreviver, fisicamente, e se reproduzir.
A vida tem também não poucas delícias. Fazer amor, copular, certamente é a mais sublime, vamos supor.
Tem sentido, o sujeito, ou sujeita, conquistar poder, tornar-se uma celebridade, e ser submetido, ou submetida, à injunção de uma única escolha amorosa?
E ainda, dentro do casamento?
Se mais não fosse, Shakespeare já ensinava que a variedade é o encanto da vida. 
PS – Revisitando - O autor pediu anonimato. Nem sempre os publico. Este me pareceu interessante. Interessantíssimo. 21/01/2015


edilsonrmartins | 25 de outubro de 2016 às 2:17 PM | Categorias: Sem categoria | URL:http://wp.me/p5iPRc-6uU

Nenhum comentário:

Postar um comentário