Cayetena, a duquesa de Alba, morreu ontem, em seu Palácio em Sevilha, na Espanha, aos 88 anos. Levou para a cova 53 títulos nobiliários, afora ter deixado uma fortuna que talvez alcance os 6 bilhões de euros.
Chagall, Goya, Velásquez, Fragonard eram alguns dos artistas de sua coleção. Seu corpo, até ontem, já tinha sido visitado por mais de 10 mil espanhóis. Descendente de nobres, amiga de reis, rainhas, casou várias vezes, sempre chocando o mundo, família e seus amigos.
E, no entanto, imagino, seu feito maior foi no campo da ousadia, da capacidade de se reconstruir, onde as cirurgias em seu rosto, sucessivas e implacáveis, foram um testemunho eloquente.
Comparando os dois momentos, sua juventude e o seu presente, pode-se dizer que o tempo, na impessoalidade de seus estragos, é implacável, perverso. E, no entanto, não se pode dizer que Cayetana não tentou, não resistiu.
Os resultados podem ser discutíveis, mas, ela, com todo o seu poder de riqueza e nobreza, encarou os estragos do tempo. Pode ter perdido, mas não se curvou, foi até o fim.
Pessoalmente talvez acreditasse que venceu, continuasse bela, e isso, sim, é o que importa.
Talvez, dissesse, todos os dias, ao se recolher aos luxuosos banheiros dourados de seus palácios:
– Espelho, espelho meu, já viu alguém mais estranha do que eu?
O trágico da vida, todas as formas de vida, é que a natureza não perdoa, por mais que a espécie humana, a única por sinal, venha tentanto, sempre perdendo, ao correr dos séculos.
Revisitando - 21/11/2104
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