Alguns iluministas (adeptos do projeto iluminista, e não os iluministas clássicos) pareciam acreditar que o ser humano estava evoluindo para um "estágio mais racional". Um dia alcançaríamos uma sociedade universal, onde a "razão" daria o tom. Decerto os mais espertos não acreditavam nessa conversa. Apenas lançavam mão do frame "razão" com um fim: obter a sensação psicológica positiva de ser reconhecido como "o mais racional" perante a plateia.
Seja lá como for, a ilusão do projeto iluminista se esfarelou. A cada dia a humanidade anda mais "besta", por assim dizer. O tema abordado no filme "Idiocracia" é mais sério do que parece. O que era uma comédia ridícula virou um drama real. No livro "A Geração Superficial: o Que a Internet Está Fazendo Com Os Nossos Cérebros" (The Shallows, de Nicolas Carr) vemos que dia após dia as pessoas estão perdendo a capacidade de pensar. Na era da Internet, essa limitação só aumentou.
E agora temos isto... pessoas adultas correndo atrás de personagens virtuais no mundo real:
Lá se foi o projeto iluminista de vez. Chegamos a um ponto de não retorno...
E há um lado positivo nisto. Agora temos que encarar de vez que a era "do debate" já se foi há muito tempo. Entram em cena os frames, as narrativas, os slogans e as rotulagens. Ah, é claro, como eu poderia deixar de citar os memes?
Se havia ainda alguma dúvida de que a única alternativa que hoje temos é a guerra política - na qual as vitórias são decididas pelos melhores rótulos, frames, memes e daí por diante -, o sucesso do Pokemon "Go" mostrou que ficar na esperança de vencer as contendas pelo meio do debate aristotélico é uma fantasia. Tanto quanto sair correndo atrás de bichinhos imaginários no celular.
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