domingo, 4 de novembro de 2012

UM ÉPICO !


'O Bem-Amado', primeira novela a cores, é relançada em DVD

por Ubiratan Brasil/O Estado de S.Paulo
Reprodução
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Motivos não faltavam para se apostar no fracasso da novela O Bem-Amado, em sua estreia, em 1973. Afinal, tratava-se da primeira telenovela brasileira a ser produzida em cores – a experiência era totalmente nova para a equipe técnica, que enfrentava dificuldades para se adaptar ao novo equipamento e dominar uma linguagem ainda desconhecida.

A trama também não apontava para a tradicional dualidade entre bandido e mocinho entre os personagens principais: apesar de mau caráter, o prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) logo se tornou uma figura adorável pela sua picardia. E o cangaceiro Zeca Diabo (Lima Duarte), em sua tentativa de se regenerar, transformou-se em uma doce figura aos olhos do público – ao menos, até o último capítulo, quando seu instinto matador se impõe.
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Escrita por Dias Gomes, que se inspirou em uma peça de sua autoria (Odorico, o Bem-Amado e os Mistérios do Amor e da Morte, de 1962), O Bem-Amado foi um enorme sucesso por fazer uma sátira política (ainda que velada) ao coronelismo da época e à ditadura militar. “E também por apresentar personagens fascinantes”, lembra-se Lima Duarte. Basta comprovar na versão lançada agora em DVD pela Globo Marcas, uma caixa de dez discos que totalizam cerca de 36 horas de novela.

A atração ocupou o horário das 22 horas, dedicado às produções mais adultas, entre 24 de janeiro e 9 de outubro de 1973. Dirigida por Régis Cardoso e com supervisão de Daniel Filho, O Bem-Amado sucedeu O Bofe, extraordinário folhetim de Bráulio Pedroso que, por conta de suas ousadias, provocou estranhamento no público – afinal, poucos aceitavam as estripulias de Ziembinski como uma velha sacudida, muito menos uma novela em que toda a trama se passava em apenas uma noite.

“A produção foi acidentada: doente, Bráulio foi substituído por Lauro César Muniz e eu fui convocado para assumir a direção, na vaga do Daniel Filho”, relembra Lima. A saída de Bráulio, aliás, descontentou o ator José Wilker, que pediu demissão – seu personagem, então, morreu de tanto rir.

“Com o fracasso, achei que seria demitido e fui salvo pelo Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então principal executivo da Globo), que me escalou para a novela do Dias Gomes”, continua Lima Duarte.

Leia a reportagem completa no Caderno 2 deste domingo (4)

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